terça-feira, 6 de outubro de 2009

UM AMOR COMO NOS FILMES


Aqueles que nós que crescemos rodeados de livros e de filmes queremos isso mesmo: um amor de conto de fadas, um amor como nos filmes.
Nos filmes tudo é perfeito. Pode começar por não ser. Pode terminar por sê-lo ainda menos. Mas mesmo de forma dramática e bizarra, mesmo que a heroína morra e o herói se suicide, tudo acaba por ser perfeito. Recordo-me de uma musica: “many people take second best ...But I won't take anything less ...It's got to be perfect”. Não sou completamente naif (apenas medianamente). Sei que perfeição não existe, até porque só seria possível se também eu, a contraparte, fosse perfeita, coisa que estou longe de o ser. Mas podemos ansiá-la. Desejá-la. Trabalhar para ela. E não nos ficarmos por menos do que isso. Esta é a herança que os meus pais me deixam, com um casamento feliz de 30 e tal anos. Pesada herança esta! Convenhamos que a fasquia não está nada baixa…
Suponho que o mito da perfeição seja alimentado também pelos fracassos anteriores. Quando se sai de uma relação desastrosa pensamos em não cometer os mesmos erros. No meu caso, o principal erro foi acreditar que as coisas iriam melhorar. Ele hoje desmarcou? De certeza que amanhã não faz o mesmo. Ontem confidenciou-me ter dúvidas? Passarão com o tempo. Tenho a sensação de que ele não gosta o suficiente? Vaia acabar por gostar.
O catolicismo ensina-nos, desde o berço, a ter fé. Eu não a tenho em Deus, porque não tenho a certeza de que exista (mas, pelo sim pelo não…), porém, tenho muita fé nas pessoas de carne e osso que me rodeiam. E depositei nele toda essa fé. Acreditei que aquele amor iria superar todas as “feridas de guerra” e, tal como nos filmes, sairia vencedor. O que se passava era que o tal amor era só meu. Não havia um “nós”, um “nosso”. Apenas um “eu” à espera que o “ele” despertasse um dia e, como por magia, se apercebesse que eu estava ali. Nunca aconteceu. Não se iludam: nunca acontece.
Depois disso percebi que o que nasce torto, torto morre. Por isso hoje quero coisas perfeitas. Já não espero que o venham a ser, mas exijo que o sejam desde o inicio. Nos momentos de lucidez apercebo-me que estou errada. Até tenho noção disso. Mas – e não pretendo aqui invocar justificação alguma para as minhas fantasiosas exigências – a verdade é que já não tenho nem disponibilidade nem disposição para esperar que o imperfeito se torne perfeito. Falta-me tempo e força anímica para aguardar pacientemente que ele olhe para mim, realmente para mim, e veja o fantástica que sou e como goste dele. Ou percebe isso imediatamente ou eu tenho que ir procurar o filme da minha vida.

1 comentário:

  1. Concordo totalmente,mas as vezes precisamos de tempo para perceber o melhor de cada um.

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