terça-feira, 30 de junho de 2009

Insónias & Manias

Talvez seja castigo cósmico por eu ser tão mau feitio, mas a verdade é que tenho muito mais insónias do que aquelas que o comum dos mortais consegue suportar. Como eu, só mesmo a Mónica (que, é bom que se diga, não tem mau feitio!). Sou capaz de passar duas semanas seguidas a dormir uma média de quatro horas (duas semanas seguidas de rastos, portanto!) e de sábado para domingo durmo, habitualmente, duas horas. Uma maravilha!
Já sei que comigo não resulta, antes de tentar dormir, ver televisão, ler, ir ao ginásio, beber chás "Noite Tranquila" e outros que tal. Nada resulta! E, como é óbvio, contar carneiros também não! Mas tenho que admitir que começo a enumerar coisas como forma de me acalmar. Apenas para me acalmar, note-se, porque nem por isso consigo adormecer!
Então, nestas noites terríveis, é ver a Catarina, enroscadinha, a lembrar-se das coisas boas da vida: uma cama quentinha, a minha casa, um banho de banheira, chocolate, os meus amigos, a minha irmã...

segunda-feira, 29 de junho de 2009

VENDE-SE AMOR EM CAIXAS DE SAPATOS

Um texto da Vera. Hoje nem poderia ser meu: não estou suficientemente acordada para tanto!


Num destes Domingos pachorrentos levei duas amigas ao cinema para ver “Confissões de um Shopaholic” (nota de rodapé: sim, sou fútil. E cada vez mais faço questão de o ser. Não tenho paciência para massacrar o Tico e o Teco com filmes pseudo-intelectuais depois de uma semana de trabalhos forçados). Saí da sala sensibilizada com os perigos da uma vida financeiramente libertina, velei pela boa saúde do meu crédito pessoal e aconselhei as minhas amigas a fazer o mesmo. Mas mal virei a esquina do shopping e vi o cartaz que anunciava promoções na sapataria comecei a correr que nem uma tresloucada e deixei as duas meninas ali paradas em pleno corredor, abismadas com a minha velocidade em cima de saltos altos. Resultado: umas fantásticas sandálias pretas, em pele, a amarar na perna, com 70% de desconto. Senti-me mal? Nem por isso… afinal, se as comprei em promoção acabei por cumprir os mandamentos que o filme me ensinou.
Há um par de semanas, quando me preparara para mais uma das minhas entediantes viagens em trabalho, cumpri o ritual de passar pelo Duty Free do aeroporto. E achei que a miséria que me esperava no destino (é bem sabido que até à data eu não era - sublinho, não ERA – germanófila) autorizei-me a mim própria a exceder o orçamento habitual das compras de viajante. Em boa verdade ia apenas atacar o sector dos cremes de rosto, único luxo que nem a senhora minha mãe me recrimina, porque, afinal, todas temos pavor em ficar velhinhas. Cremes para o pescoço e para os olhos são, em bom rigor, quase medicamentos. Salvam vidas pelo menos. Mas o maior infortúnio é que para chegar ao departamento dos cremes tive que passar pelo departamento da maquilhagem. Tive que passar. Bem…. Ter, ter, o que se diz “ter”… eu não tinha. Mas era uma das possibilidades. E se era possível passar pelo corredor da make up… pois, eu passei… Ninguém diga nada! Atire a primeira pedra aquele que nunca se entregou aos prazeres dos batons e dos blushs. Pois bem, descobri que o vermelho Channel é diferente de todos os outros vermelhos dos milhentos outros batons que existem no mundo, e que existe uma escova de rímel especialmente vocacionada para revirar as pontas, e que a ciência já produz correctores que camuflam olheiras com as quais poderíamos até tropeçar! Ora, depois de descobrir tantas maravilhas compreenderão que as não poderia ignorar e fui forçada a ceder aos benefícios da ciência
Quando a minha conta ultrapassava já o valor do orçamento integral que me tinham atribuído para a dita viagem ouvi subitamente uma voz: “Vera”. Primeiro baixinho, depois aos gritos: “VERA”. Acham que era a minha consciência? Não. Era antes um relogiozinho dourado da Guess, que me seduzia da sua pequena caixinha de vidro. Tive que lá ir. Quem não iria? Fui lá e mostrei-lhe quem mandava…. Ele, pois claro. Tive que o comprar. Eu, que tenho um daqueles irritantes pulsos fininhos onde relógios e pulseiras costumam dançar o mambo, ainda me alimentei da fugaz esperança que o dito caísse do braço e se estatelasse no chão, mas nem essa prece me foi atendida. É que afinal o bicho era composto por pequenas fracções que se desmontavam, de modo que bastou um ligeiro ajuste para me servir na perfeição, tal qual um relógio de cristal no pulso da Cinderela. Preparava-me para pagar quando a menina da caixa me perguntou pelo cartão de passageiro frequente, explicando-lhe que iria reportar o valor das compras à minha conta de milhas. Olhei-a, estupefacta (ou seja… estúpida) e respondi, no tom mais ofendido que me saiu: “Não posso crer! Há tantos anos a comprar coisas no Duty Free e a gastar milhares de euros e só hoje em avisam disso. Eu já poderia ter acumulado milhas e milhas com esse expediente! Como é nunca me informaram disso?”.
“Esta enganada minha senhora. Ainda da última vez que aqui esteve lhe disse isto”, respondeu-me ela. Silêncio. Uhhhhhhhhhhh!!!!! Quarta dimensão!!!!! Da última vez que lá tinha estado???? Mal ela… recordava-se de mim????
“Desculpe? “ – perguntei eu, com a maior cara de sonsa da História – “mas a senhora recorda-se de mim?”. “Claro que sim, vejo-a aqui muitas vezes a comprar coisas”. “Tem a certeza de que era eu?”, insisti, na tentativa de desarmar aquela vergonhosa mentira de eu ser uma compradora compulsiva. “Tenho” (resposta convicta).
E agora o meu momento de auge, o toque do verdadeiro artista: “Olhe que já me têm dito que anda por aí muita gente parecida comigo”. “Não minha senhora, recordo-me perfeitamente. Foi há cerca de três semanas e comprou um par de perfumes”.
Ui... o rumor bate certo com a realidade. Três, semanas, Cancun, o Gucci e o Coco Mademoiselle.
Cabisbaixa, humilhada, dilacerada, uma autêntica dama das Camélias a definhar sob o peso da tuberculose das compras, saquei do cartão de plástico, marquei o código e reflecti sobre os meus devaneios coquettes. O meu patético desespero só foi interrompido por uma voz que gritava o meu nome no altifalante do aeroporto, avisando-me de que aquele seria o último aviso para o embarque. Com a mochila do PC às costas, um saco de compras em cada mão e umas botas de cano alto de verniz, desato a correr pelos corredores do aeroporto. Lei de Murphy: a porta de embarque fica logo à entrada, excepto quando o avião está prestes a partir. Já aqui gabei o meu dom para correr em saltos altos, mas nunca é demais referir que se houvesse um campeonato mundial a medalha de ouro seria minha.
Já me imaginava a perder o avião, a ser chamada a dar explicações acerca desta falha imperdoável… “Sabe senhor Doutor, a culpa é do rouge da Channel…. e dos relógio dourados….”. Não me parece que esta resposta sensibilizasse alguma alma…
Moral da história: não pedi o avião, mas fui a última a embarcar, sob o olhar de censura dos restantes passageiros e do pessoal da TAP que, certamente, me condecorou nesse dia com a honra de persona non grata em matérias de voos.
Porque vos contos isto? Porque tenho passado os últimos anos a compensar as minhas desventuras amorosas e desgastes emocionais com compras, mais ou menos necessárias (diria “menos”), mais ou menos exorbitantes (diria “mais”). Será que ainda acredito que posso comprar o amor juntamente embrulhando em papel de seda, dentro de uma caixa de sapatos? Será que tops sem costas acabam por me tapar o frio nas noites de Inverno, há falta de quem me aqueça? Não nego que continuo compradora mesmo em tempos de maior estabilidade emocional. Está no meu ADN e contra a biologia não vale a pena lutar. Mas nesses momentos sou como aquele alcoólico que não vai para além do copo de vinho à refeição e da bebedeira semanal. Já em momentos de desgosto de amor vivo inebriada por sacos de compras.
O problema é que, à medida que o espaço da minha casa se torna pequeno para todas as aquisições, também a minha conta bancária diminui de dígitos. Sem que daqui derive algum paliativo emocional, alguma mais-valia para a pessoa que sou. Convenhamos: não há carteira de marca que funcione como penso para a alma. Mas enquanto o príncipe perfeito não chega sempre haverá por aí, algures, um parzinho de sapatos à espera do meu pezinho. E esses, pelo menos, nunca me trocaram por outro pé menos elegante que o meu.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Michael Jackson


Morreu o Michael Jackson. E eu ainda me lembro de estar em frente à televisão com os olhos tapados porque estava a dar o videoclip do Thriller. Isto porque a primeira e única vez em que realmente vi as imagens, tive um pesadelo (há coisas que nunca mudam, digo eu, a-que-é-incapaz-de-ver-um-filme-de-terror). Dizem que as pessoas continuam vivas nas memórias dos outros e, apesar de eu não gostar particularmente da música dele, a verdade é que faz parte das minhas...

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Hoje Acordei Deste Lado


O negro. Aliás, desde domingo que acordo no/do meu lado negro. Mas, como li algures, a vida não é só luz. E a verdade é que eu gosto deste meu lado. E quem não gosta, right?

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Apanhando do chão pedacinhos do meu coração

A Vera... E não há mais nada a dizer... Eu assino por baixo, Verinha.


Há dores imensas no mundo. Tenho uma tatuagem no fundo das costas que foi sentida como se uma lâmina em brasa me retalhasse a pele. Dizem que deixar a pilinha presa no fecho das calças implica uma dor acutilante… mas aqui vou ter que confiar nas palavras de quem o conta.
Tenho para mim que a maior dor de todas é partirem-nos o coração. Ele cá está, pequenino e vermelho, a bombear sangue e a manter-nos vivos. Mas um dia … CRASH…Rompe-se em mil pedaços, que caem no chão, e ficam as pontas aguçadas a espreitar lá de baixo para nós, prontas a espetar-se-nos no pé a cada passo mal dado. Não é só o momento em que coração se parte. Não é só a ausência, o viver sem ele. É o ter que andar pé antes pé para não nos magoarmos mais. A partir daí vivemos em piloto automático. Como um avião que ande pelos céus a voar sem rumo. Acordamos, expiramos e inspiramos, comemos (às vezes) e dormimos. Piloto automático porque já não esta o coração. Tentamos conhecer pessoas. Sair à note. Distribuir misteriosos sorrisos de Mona Lisa. Substituir quem perdemos por alguém novo. Eventualmente apaixonamo-nos mesmo. Mas não resulta. Porque os tais pedacinhos pontiagudos de coração continuam lá caídos no chão, sem nos deixar saltar nem dançar sem provocar feridas. O instinto de sobrevivência diz-nos que não podemos perder nem mais uma gota de sangue. Por isso aquela nova paixão nem o chega a ser. Melhor não mexermos os pés do que nos magoarmos nos estilhaços.
A segunda dor maior a seguir a esta é vê-lo com a outra. Onde ela, nós estivemos. Onde ela dorme, nós dormimos. Vê-lo é como andar descalça em cima dos pedacinho de coração partido.
Não lhe desejamos mal. Seria bem mais fácil ter-lhe raiva, rancor. O ódio sempre funcionou como uma grande arma de defesa e de recuperação. Tão-pouco gostamos já. Tudo o que um dia existiu já desapareceu. Afinal, ele partiu-nos o coração. O único que tínhamos. A Zara ainda não os vende. Nem sequer a D& G lançou algum último modelo de corações. Não sentimos nada. Isso é o pior, não sentir nada. Mas fica a ideia de que aquele foi o nosso lugar. E, sobretudo, um grande sentimento de frustração. Será que as rupturas amorosas nos lançam em desenfreada competição com os ex’s? Será que tudo está em saber quem se apaixona primeiro? Quem reconstrói a vida antes? Será que naquela noite, quando o vi de mão dada com ela, tudo teria sido diferente se eu tivesse uma mão na minha também? Não sei… porque não tinha. Só sei é que foi ele que me partiu o coação a mim e não o inverso. Mas agora é ele que tem alguém ao lado enquanto eu passo as noites sozinha a tentar não pisar os cacos. Onde está a divina justiça no meio disto tudo? Então ele não devia ter sido condenado pelo Tribunal dos Corações Partidos a nunca mas gostar de ninguém? E a mim, quem me arranja um coração novo? É que eu fiquei estragada. Sou a mercadoria estragada na última prateleira da loja. E ninguém quer uma mercadoria danificada. “Desculpe, venho devolver esta menina. Parecia perfeita mas falta-lhe aqui o coração, está a ver? Está a ver este buraco? Troque-a por outra por favor. Esta já não presta”.
As pessoas são muito engraçadas. Têm mil cuidados com as jóias de família, com jarrões de porcelana chinesa, com vasos de cristal. E depois usam-se umas às outras como se fossemos bonecos de borracha ou feitos de material inquebrável. Não há nada mais frágil do que uma pessoa. Estraga-se com um simples toque, não vem com peças subselentes, e é absolutamente insubstituível.
A única virtualidade de o ver com ela, a olhar para ela como um dia olhou para mim, é a de me obrigar a baixar-me e a apanhar, um a um, os pedacinhos de coração caídos do chão. Depois, percorrer meio mundo procurando uma cola sucintamente forte para reparar corações. E quando finamente a encontrar reconstruir o puzzle.
Primeiro, porque precisamos de um coração cá dentro para pôr alguma ordem na casa, que isto de viver em piloto automático, mais dia menos dia, provoca uma acidente grave. Depois, porque se caminharmos a vida toda em bicos de pés com medo de nos magoarmos de novo vão-nos passar pessoas lindas ao lado, que tivemos medo de conhecer, não fosse uma das tais pontas aguçadas espetar-se de novo em nós.
Por todas estas razões vos garanto que um destes dias vou finamente encher o meu “buraco negro” com um aglomerado de coração. Preciso dele com urgência. Não quero que os pedacinhos aguçados se intrometam entre mim, aqui quietinha a um canto, e alguma coisa possivelmente fantástica que me esteja a acontecer.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Lamechices

Eu tenho a mania que sou imune à parte cor-de-rosa das relações. Aliás, eu e a Rocío costumamos brincar muito com isso, com as nossas diferenças nesse aspecto. Porque ela gosta de coisas do género de mãos dadas, de grandes declarações, de passarinhos a cantar e de coraçõezinhos pelo ar :). E eu, geralmente, tenho vontade de vomitar com essas coisas!!!! Já sabem, eu sou a tal que não perdoa, sequer, que me chamem bebé, linda ou fofinha! Agora se alguém alguma vez se atrevesse a chamar-me "mor"... Estava o caldo entornado!

Mas acabei agora mesmo um dia de trabalho e vim espreitar o blog. E recebi um comment bonito, anónimo é certo, mas bonito. E aqui a cínica até sorriu!!! Thanks.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Como Combater a Crise

Eu e a Rocío temos um plano para combater a nossa própria crise profissional e financeira! Aliás temos dois planos! O plano B, quando tudo o resto falar, é dançar sevilhanas pelas ruas desse mundo! O plano A, que na realidade foi congeminado depois do B, é o de editar um guia que alerte as mulheres para quais os sinais visíveis nos homens que lhes indicam automaticamente que devem fugir a quatro pés desses exemplares sem que seja necessário um conhecimento mais aprofundado dos mesmos!
O dito guia é, neste momento, work in progress, porque tudo isto nada tem de simples, minhas amigas. Ou seja, há sinais que aparentemente são importantes para algumas de nós e não para outras. E também já constatámos casos de homens que conseguem apresentar quatro e cinco sinais simultâneos, o que, evidentemente, aumenta a gravidade do caso!

Em todo o caso, deixo-vos um primeiro levantamento dos ditos sinais e agradeço os vossos contributos! A bem da sanidade mental de todas nós :):

-Usar bolsa a tiracolo (sim, sim, já todas sabem que esta indicação é minha);
- Ter como objectivo de vida a criação de galinhas;
- Usar meias brancas (sim, ainda há);
- Dançar salsa (desculpa Rocío!!!!!!!);
- Ser engenheiro informático (pelo menos até os ditos nos provarem o contrário);
- Dizer "prontos";
- Dizer "fizestes";
- Usar sapatos de vela (pior ainda se vier acompanhado de meias e corsários; lá está, a questão de mais do que um sinal aparecer em conjunto);
- Tratar as mulheres por "bebé";
- Aceitar comentários no hi5 a dizer como são lindos e bons e maravilhosos;
- Fazer comentários no hi5 a mulheres do género de "Whoowwwwwwww", "Adorava conhecer-te" (ainda dizem que o hi5 não serve para nada!!!!);
- Acelarar para nos mostrarem como o carro que conduzem é potente (pleeeeeeeeeease);

Agora meninas, ajudem-nos a completar a nossa lista! Todas juntas venceremos :)!

A alegoria da caverna

Um novo texto da Vera... Que me inspirou, por isso espero arranjar um tempinho para escrever sobre o mesmo tema esta semana!

“Eu só me vejo com um tipo que ande no ginásio. Olha para mim… achas que me poderia estar com alguém menos activo e mais fraco do que eu?”. Pois… bem pensado… com esse corpo… não te vejo com uma bola de sebo ao lado…
“Verinha, não admito sequer estar com alguém que não possa acompanhar-me aos restaurantes onde gosto de ir e nas férias a que estou habituada”. Mas claro que sim. Pois se tu gostas de comer rabo de boi (já viram o preço do rabo?) em restaurantes de estrelas Michelin e de passar férias em destinos paradisíacos, não me parece justo que te remetas a Mac’s com batas fritas e a uma tenda no parque de campismo de Alguidares de Baixo só porque o teu namorado vive com o salário mínimo.

Tenho pensado naquilo que eu espero da minha meia-laranja. Espero muito. Talvez demais. Mas até ao momento ainda não tinha conseguido individualizar a nota básica, o turn on total, aquilo que me põe de quatro e a arfar. Isto até ao dia em que, no contexto de uma conversa acerca dos meus planos de vida, referi que estranhava que alguns amigos não vissem as virtualidades do meu novo projecto pessoal. Eis senão quando (viciada digo-vos, estou viciada nesta expressão) “ele” se sai com esta: “Isso é como a alegoria da caverna. Eles não estão a ver mais longe”.
STOP
O “ele” referiu a alegoria da caverna??? De repente, o alarme anti-paixões soou na minha cabeça, no corpo todo (if you now what I mean…), na ponta dos pés inclusive. Já é bizarro que alguém conheça a alegoria da caverna. Mais ainda que esse alguém seja um menino. Mas verdadeiramente extraordinário é que seja um menino engenheiro. Sem desprimor para os próprios, note-se. Cerca de 80% do meu círculo de amizades responde por senhor engenheiro (ou senhor licenciado em engenharia, para reviver a encenação no nosso Primeiro). Mas, convenhamos, não são pessoas muito dadas a leituras filosóficas…
Ainda pensei que fosse mera coincidência. Que tivesse ouvido aquilo na rádio ou da boca de alguma miúda em cenário de engate. Mas alguns dias depois atira-me outra à cabeça (e ao coração): o sermão aos peixes do Padre António Vieira.
Fechem a boca. Eu também fechei a minha….depois de apanhar o queixo que na altura me tinha caído ao chão. Primeiro filosofia, agora literatura….o que virá a seguir?
Bailado. Não estou a inventar. Eu, que sou uma apaixonada por ballet clássico, lancei para o ar que gostava muito que ele me acompanhasse a um espectáculo de dança. Quase antevia que o “ele” iria recusar. Não me enganei. Mas recusou explicando que não apreciava ballet, não obstante reconhecer que Nureyev disponha de capacidades físicas extraordinárias. Um soco no estômago não me teria deixado mais abalada. O homem tinha encontrado a ranhura onde meter a moeda que me põe em andamento.

Não me compreendam mal. É claro que eu, que me esforço por combater a lei da gravidade no ginásio, também não me contento com tipos de barriga descaída e duplo queixo. Tão-pouco vejo como provável a assunção do cargo de
“pagadora oficial de contas” ou, em alternativa, conformar a minha vida aos padrões de tasca de 3.º e pensão de lençóis sujos porque o prazer de uma determinada companhia a isso impõe. Mas tudo pode acontecer na vida. Life is just like a box of chocolats, isn’t it?
Ainda assim, por via de princípio, procuro um par de bíceps, cartão de crédito, sentido de humor, 1.90m, experiência de vida, beijos molhados, bons valores sedimentados e tudo mais a que as princesas do conto de fadas têm direito. A este elenco de coisas impossíveis falta, porém, aquele que é o meu turn on fundamental, aquilo que me deixa ofegante e quase tonta: os dois dedos de testa.
As pessoas podem-nos cativar de muitas formas. Quando se fala de príncipes encantados a excitação pode provir dos mais pequenos detalhes, desde o levantar de uma sobrancelha ate um tique nervoso que o faz mexer a boca quando pensa. Tudo isso é lindo. Mas a alegoria da caverna foi o “click”. Nunca Platão imaginou que a sua parábola fosse hoje utilizada como critério identificativo de meias-laranjas. Obrigado por me fazeres sair da escuridão Platão. I see the light now.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Escova de dentes, lingerie, 40 pares de sapatos

Na quarta-feira de manhã, eu e a Vera estivemos ao telefone a falar de férias e de fins-de-semana fora. A Vera referiu, nessa altura, o stress que era para uma mulher fazer a mala, ao que eu respondi "devias escrever sobre isso"! E ela escreveu! Ou seja, esta semana ainda não tive inspiração para escrever, mas sempre dei um ideia, ok :)?

Este texto dirige-se a todas as Barbies deste mundo, que não saem de casa sem se olhar ao espelho e sem meter na bolsa o rouge para os lábios. E, convenhamos, para os metro também (onde incluo desde os decimetrosexuais até aos kilometrosexuais).
Aviso já: não me levem a sério. Aliás, nisso, sou como o Araújo Pereira (hum… paixão platónica): ninguém me leva a sério, nem mesmo eu. Mas leiam e reflictam.

Preparar uma mala de viagem é tarefa complicadíssima. Estou em crer que deveria haver pós ou masters sobre isto, porque de facto exige muito estudo e ponderação.
Primeira questão: que mala levar: um saco mais pequeno, que se possa pegar na mão, para não corrermos o risco de nos considerarem obcecadas pelos trapos? (não sei onde foram ver desta ideia…? … e aqui reviro os olhos) Ou antes um mala maior, de rodinhas, mais fácil de transportar, mas que nos marca com o estigma de aparênciodependente? É que o dito “saquinho” pode na verdade pesar quilos – o peso aumentará em directa proporção com a técnica de cada uma para enfiar muita traquitana (um must do calão) em pouco espaço – e lá teremos nós que pegar nele com o sorriso forçado de quem carrega o mundo disfarçado de pluma, dedos crispados e vergões nos braços. E esqueçam o andar sedutor… lá irão cambaleando estação fora, como eu fui do alto dos meus saltos vermelhos.
Segunda questão: adequação da indumentária à temperatura. O que parece simples pode, na verdade, tornar-se extremamente complicado sempre que a informação meteorológica da véspera não coincida com a cor do céu do próprio dia. E lá vamos nós desfazer o saco, tirar tudo cá para fora e delinear novo plano de vestuário. E quando digo tudo… é mesmo… tudo. Não apenas o trapinho em si mesmo, mas os respectivos anexos: sapatos, maquilhagem, bijutaria, roupa intima. Pois quem se lembraria de levar as mesmas sandálias cor-de-rosa, que tão lindas ficavam no vestidinho rosa e branco, para a fatiota preta e vermelha??? Please, be serious: rosa com preto e vermelho???? E o mesmo vale para os brincos rosa choque, para o batom rosa bebé, para a sombra rosa pálido…. Não tendo nós a sorte de reclamar o daltonismo (até nisso os meninos têm sorte: então não é que a maldita doença que nos livraria do pecado de misturar cores só afecta genes Y?). Nem se pense em usar um soutien preto por baixo da t-shirt branca… há que ter um mínimo de decência minhas senhoras.
Terceira questão: adequação da vestimenta às acções planeadas. Vamos caminhar pelo parque? Esquece as sandálias de 25 cm e leva antes as sabrinas. Praia? Nem te atrevas a ir dondoca e pega já nos shorts e, claro está, em 3 pares de bikinis, não vá o diabo tecê-las. Sair à noite? É óbvio que não há menina que leve para a noite a mesma roupinha que usou durante o dia, transpirada e já vista. Ao pôr-do-sol transformamo-nos em Cinderelas, saias curta e top brilhantes, eye liner e olhos fumados. Vale tudo! Menos usar o vestido que nos cobriu o dia inteiro, por mais elogiado que tenha sido.
Estas preocupações são especialmente prementes quando a companhia de viagem seja o mais que tudo. Eles não notam, é verdade. É-lhes indiferentes que andemos de avental ou com calças de bom corte. Estou até inclinada para pensar que a primeira opção lhes agradaria bem mais (ou nuas, melhor ainda). Dizem sempre que estamos bem sem sequer olhar para nós. Mas, se tudo isto é verdade (e eu confirmo) porque insistimos em mirabolantes planos de conjugação de cores e feitios para os impressionar? Pérolas a porcos? Talvez. Mas eu não jamais pensaria em fechar a minha malinha sem lingerie de vários tons, o estojo de make up e 10 pares de sapatos. Escova de dentes? Isso compra-se em qualquer sítio…

terça-feira, 9 de junho de 2009

A Menina Que Não Gosta de Rapazes

Vejam este vídeo que a Helena me mandou! E eu não tenho nada de nada a acrescentar!!!

http://videos.sapo.pt/b4LF9HWgY97CNBGcEY4S

segunda-feira, 8 de junho de 2009

“Sim, aceito ir contigo ao casamento… até que a morte nos separe”

A nossa colaboradora mais inspirada, a Vera, volta a 'atacar' com mais um texto!!!

As meninas crescem com o sonho de um dia um príncipe encantado num cavalo branco (na versão adequada aos tempos actuais: um tipo com emprego, com carro próprio e que tenha saído da casa dos pais) lhes sussurre ao ouvido “Sim, aceito casar-me contigo… até que a morte nos separe”.
Eu, que nunca vivi subjugada aos devaneios de me meter num vestidinho branco de cetim e folhos, fico-me por um anseio bem mais modesto mas igualmente complicado. Estou até em dizer que mais difícil que encontrar um noivo é encontrar acompanhante para um casamento. Um homem pode não se importar de meter a aliança no dedo, fingir ser fiel e pagar-nos as contas; mas quando se trata de engravatar-se e vestir a melhor fatiota para acompanhar à cerimónia (quase sempre entediante) uma menina que não lhes aporte nos pós-casamento nenhum benefício carnal já a história reza diferente.
Exagero? Deixo-vos os factos e digam de vossa justiça:
Estava eu em pleno encontro erótico com o meu sofá, ora me estendo para a direita ora me estendo para a esquerda, quando toca o telefone . Trimmmm!! (vamos usar o toque banal para escaparmos à dificuldade de imitar o som de um bebé a chorar… toque muito apreciado entre os admiradores do kitsch)
“blablabla.. meu casamento…blablabla..gostava muito que estivesses…blablabla… um dia muito feliz para nós”. Como compreenderão, tornou-se impossível recusar a minha presença. Mas logo nesse instante vislumbrei-me algumas dificuldades práticas…
“Então tenho aqui o convite para ti e para o Y” (chamemos-lhe assim para não ferir sensibilidades”
“Ah… eu e o Y terminámos há quase um ano”
“Então para o teu novo namorado”
“Princesa… não tenho. Sou uma mulher emancipada” (disse eu, para não ferir a minha sensibilidade)
“Deixa lá Verinha, vai haver muitos homens o casamento. Quem sabe não encontras lá um para ti”.
Pronto. Estava lançada às feras. Mulher sozinha (e desamparada?) apresenta-se em casamento povoado de homens. Mas a gota de água ocorreu na despedida de solteira. 48 horas a ouvir falar nas maravilhas das respectivas caras-metade: o que cozinham, se passam roupa ou não, onde foram nas férias, onde irão nas férias, e milhentos outros pormenores que só colhem o interesse de quem está apaixonada. Perante a minha ansiedade em dar por findo o fim-de-semana levantaram o sobrolho: “Estás com pressa??? Tens encontro com quem? “ (pois se eu não tenho namorado também não tenho encontros… óbvio… ). Lá expliquei pacientemente (enfim, com a paciência, ou a falta dela, que me é mundialmente reconhecida) que o tinha um tête a tête privado à minha espera em Coimbra, com o PC e vinte mil livros.
“És mesmo workaholic. Eu vou é passar o resto do Domingo a namorar”.
Eu também iria. Se tivesse com quem. Não tendo, fico-me pelo tête a tête. Mas nesse Domingo à noite decidi que não iria ao casório sozinha nem que a vaca tossisse. Ora, como as vacas não tossem, tinha mesmo que arranjar acompanhante.
Depois de muitas recusas – desde o funeral do peixinho até antecipações de doenças, tudo serviu de desculpa – a primeiro a cair na minha rede tentou, num súbito, coup d'état, enredar-me a mim: “O que era giro era que nos apaixonássemos no casamento”. Sabem aquele arrepio que nos percorre a espinha? Senti-o na altura. Antevi cenas embaraçosas em plena cerimónia, olhares melosos durante o jantar sob a mirada atenta dos meus pares (já referi que era um “casamento de trabalho”, cheio de coleguinhas e chefes?), dramas alimentados pelo álcool, telefonemas no dia seguinte…”Sabes que mais? Pensando bem vou sozinha. Eu sou feminista e tudo”.
Mas não ia. Claro que não. Como disse, as vacas não tossem. Novas negas. Novas desculpas, algumas envolvendo raptos alienígenas. A minha próxima vítima estava prestes a resolver-me o problema quando a quase-namorada deixou bem claro que nunca passaria do “quase” caso ele teimasse em acompanhar-te.
À beira do desespero uma alma caridosa consegue finalmente angariar-me companhia masculina no seio do seu leque de amigos. E lá fui eu. Eu e ele. E correu tudo bem. A melhor companhia que uma menina pode desejar. Sem pressões nem chantagens. E quando ele me disse “Sim, aceito ir contigo ao casamento”, senti-me a não noiva-mais feliz do mundo.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Afinal, o problema não sou eu, é a demografia

Um texto da nossa Verinha:)

Várias vezes tenho divagado acerca da minha “solteireice patológica”. Não sendo especialmente feia, nem especialmente burra, nem especialmente pérfida, questiono-me porque estarei sozinha. E como a auto-comiseração sempre foi bom motivo para devorar mais uma caixa de chocolates chego sistematicamente à conclusão de que a culpa é, afinal, minha. Lá está… se eu fosse um bocadinho mais paciente. Um bocadinho mais tolerante. Um bocadinho mais transigente. Um bocadinho mais calma. Um bocadinho mais normal. Se soubesse danças de salão. Se fosse boa cozinheira. Se as minhas mamas fossem maiores. Se não fossem os piercings e as tatuagens. Se os não deixasse intimidados (remeto para um escrito anterior). Se…
Tantos “ses”! A certo ponto – lá pelas tantas da madrugada – chego ao ponto de pensar “se eu não fosse eu”. Mas se eu não fosse eu provavelmente não me colocaria estas questões filosóficas porque estaria demasiado ocupada a ser mulherzinha de algum mediocrezoide, com bigode de GNR mas sem os tais dois dedos de testa.
Há umas semanas vi a luz. Ou melhor, fui iluminada por uma mente brilhante que me explicou que a culpa meus senhores, não é minha, é da demografia.
Ou seja, não é a mim que deve ser assacada a responsabilidade de todas as Passagens de Ano a beijar a taça de champanhe à meia noite, de todas os dias de namorados a oferecer presentes a mim própria e de todos os abraços que dou aos meus joelhos… à falta de melhor zona corporal a que abraçar. Não, não é a mim, nem ao meu nariz empinado, nem aos meus desvarios. É a demografia. Parece - mas digo-vos isto com ares de dado cientifico - que, embora nasçam sensivelmente tantos meninos como meninas, dois factores perturbadores vieram arruinar a minha felicidade conjugal (ou a ausência dela): a) no percurso até à idade adulta morrem mais meninos que meninas; b) o numero de gays masculinos é bastante superior ao numero de lésbicas.
Ecco! I rest my case. Todas as vezes que o meu círculo de amigos me acusou de piquinhice excessiva no momento de aparelhar… estavam profundamente errados. Não sou demasiado exigente. Não tenho é um âmbito pessoal suficientemente alargado de escolha. Pois que culpa tenho eu que o gene Y sucumba mais facilmente a acidentes e doenças? Acaso posso dominar a genética? E que culpa tenho eu que parte substancial da população masculina prefira roçar-se numa pernoca peluda ao invés de se encostar à minha perninha depilada (com cera!)?
Em boa verdade, tudo isto conta com uma explicação científica e perfeitamente traduzível em termos matemáticos: se há menos meninos do que meninas em idade adulta, é óbvio que muitas de nós teremos, necessariamente, que ficar sozinhas. Quais? Bem, não será a Angelina Jolie certamente…
Tenho alguma solução? Bem, a única que vislumbro… hoje que são 4 da tarde de uma segunda feira de calor pachorrento, é igualarmos o numero de viventes masculinos. Para isso, só vejo duas hipóteses: ou nos atiramos de um 4.º andar ou damos uma voltinha pelo outro lado da sexualidade. O suicídio ou o lesbianismo como forma de reduzirmos o nosso número. Ora, tendo em conta que acho que sou demasiado gira para morrer espalmadinha no chão… e não digo mais nada.
Hoje vivo bem mais tranquila. Afinal, eu sou perfeita. A demografia é que não.

Rita aka Fofinha :)

Eu tenho uma amiga nova. A Rita Carmim. E esta minha amiga, é duplamente nova: é nova enquanto minha amiga, porque criámos proximidade e cumplicidade há relativamente pouco tempo, e é nova em idade, porque provavelmente é das pessoas mais novas que existem no meu círculo de amizades. Mas, apesar de ser novinha, é uma boa companhia, divertida, boa conversadora, óptima ouvinte e exímia (aposto que gostaste desta palavra, Rita!!!!) conselheira. Cinco estrelas, portanto. A única parte do facto de ser nova que poderá irritar ao comum dos mortais, é que a Rita, como se não bastasse ser linda e cheia de estilo, tem aquilo que eu e a Rocío chamamos um "corpo de meter nojo"! A rapariga é perfeita! Perfeita, perfeita! Há direito?!? Não há, com certeza que não há!
Ora, este fim-de-semana, decidimos ir em grupo até à praia. Eramos uma série de mulheres, entre as quais a Rita, e um homem, o Chico, namorado da Rita. E mal chegamos à praia, felizes pela estreia praiesca de 2009, ainda a inspirar o cheiro a maresia, a Rita diz qualquer coisa do género "Que bom, daqui a bocado podemos ir correr!". O que é que aconteceu? Gargalhada geral!!!! E todas nós tentámos justificar a nossa gargalhada com o facto de mais nenhuma de ter um perfil propriamente desportista, mas eu tenho que admitir que a verdade verdadinha é que a minha gargalhada (de nervosismo, minha gente, de nervosismo) resultou da imagem que me surgiu na cabeça de mim, com todas as minhas banhocas extra, a correr num local público, de bikini, ao lado da Rita. Socorro!!!