segunda-feira, 22 de junho de 2009

Apanhando do chão pedacinhos do meu coração

A Vera... E não há mais nada a dizer... Eu assino por baixo, Verinha.


Há dores imensas no mundo. Tenho uma tatuagem no fundo das costas que foi sentida como se uma lâmina em brasa me retalhasse a pele. Dizem que deixar a pilinha presa no fecho das calças implica uma dor acutilante… mas aqui vou ter que confiar nas palavras de quem o conta.
Tenho para mim que a maior dor de todas é partirem-nos o coração. Ele cá está, pequenino e vermelho, a bombear sangue e a manter-nos vivos. Mas um dia … CRASH…Rompe-se em mil pedaços, que caem no chão, e ficam as pontas aguçadas a espreitar lá de baixo para nós, prontas a espetar-se-nos no pé a cada passo mal dado. Não é só o momento em que coração se parte. Não é só a ausência, o viver sem ele. É o ter que andar pé antes pé para não nos magoarmos mais. A partir daí vivemos em piloto automático. Como um avião que ande pelos céus a voar sem rumo. Acordamos, expiramos e inspiramos, comemos (às vezes) e dormimos. Piloto automático porque já não esta o coração. Tentamos conhecer pessoas. Sair à note. Distribuir misteriosos sorrisos de Mona Lisa. Substituir quem perdemos por alguém novo. Eventualmente apaixonamo-nos mesmo. Mas não resulta. Porque os tais pedacinhos pontiagudos de coração continuam lá caídos no chão, sem nos deixar saltar nem dançar sem provocar feridas. O instinto de sobrevivência diz-nos que não podemos perder nem mais uma gota de sangue. Por isso aquela nova paixão nem o chega a ser. Melhor não mexermos os pés do que nos magoarmos nos estilhaços.
A segunda dor maior a seguir a esta é vê-lo com a outra. Onde ela, nós estivemos. Onde ela dorme, nós dormimos. Vê-lo é como andar descalça em cima dos pedacinho de coração partido.
Não lhe desejamos mal. Seria bem mais fácil ter-lhe raiva, rancor. O ódio sempre funcionou como uma grande arma de defesa e de recuperação. Tão-pouco gostamos já. Tudo o que um dia existiu já desapareceu. Afinal, ele partiu-nos o coração. O único que tínhamos. A Zara ainda não os vende. Nem sequer a D& G lançou algum último modelo de corações. Não sentimos nada. Isso é o pior, não sentir nada. Mas fica a ideia de que aquele foi o nosso lugar. E, sobretudo, um grande sentimento de frustração. Será que as rupturas amorosas nos lançam em desenfreada competição com os ex’s? Será que tudo está em saber quem se apaixona primeiro? Quem reconstrói a vida antes? Será que naquela noite, quando o vi de mão dada com ela, tudo teria sido diferente se eu tivesse uma mão na minha também? Não sei… porque não tinha. Só sei é que foi ele que me partiu o coação a mim e não o inverso. Mas agora é ele que tem alguém ao lado enquanto eu passo as noites sozinha a tentar não pisar os cacos. Onde está a divina justiça no meio disto tudo? Então ele não devia ter sido condenado pelo Tribunal dos Corações Partidos a nunca mas gostar de ninguém? E a mim, quem me arranja um coração novo? É que eu fiquei estragada. Sou a mercadoria estragada na última prateleira da loja. E ninguém quer uma mercadoria danificada. “Desculpe, venho devolver esta menina. Parecia perfeita mas falta-lhe aqui o coração, está a ver? Está a ver este buraco? Troque-a por outra por favor. Esta já não presta”.
As pessoas são muito engraçadas. Têm mil cuidados com as jóias de família, com jarrões de porcelana chinesa, com vasos de cristal. E depois usam-se umas às outras como se fossemos bonecos de borracha ou feitos de material inquebrável. Não há nada mais frágil do que uma pessoa. Estraga-se com um simples toque, não vem com peças subselentes, e é absolutamente insubstituível.
A única virtualidade de o ver com ela, a olhar para ela como um dia olhou para mim, é a de me obrigar a baixar-me e a apanhar, um a um, os pedacinhos de coração caídos do chão. Depois, percorrer meio mundo procurando uma cola sucintamente forte para reparar corações. E quando finamente a encontrar reconstruir o puzzle.
Primeiro, porque precisamos de um coração cá dentro para pôr alguma ordem na casa, que isto de viver em piloto automático, mais dia menos dia, provoca uma acidente grave. Depois, porque se caminharmos a vida toda em bicos de pés com medo de nos magoarmos de novo vão-nos passar pessoas lindas ao lado, que tivemos medo de conhecer, não fosse uma das tais pontas aguçadas espetar-se de novo em nós.
Por todas estas razões vos garanto que um destes dias vou finamente encher o meu “buraco negro” com um aglomerado de coração. Preciso dele com urgência. Não quero que os pedacinhos aguçados se intrometam entre mim, aqui quietinha a um canto, e alguma coisa possivelmente fantástica que me esteja a acontecer.

4 comentários:

  1. Sou eu novamente, o rapaz...
    Quero aqui deixar uma palavra de carinho a todos os corações partidos.. e partilhar como recuperei o meu coração, quem sabe o respeito por mim proprio e tambem a vontade de viver..

    A cat sabe +- da historia, mas aqui vai resumidamente..

    - Namoro às mil maravilhas, tudo como manda a lei - carinho, compreensao, fazer as coisas juntos, planos de futuro, etc...
    Depois a namorada devida a uma doença foi internada nos Covões, voltou a afirmar as convicções de amor e jura eterna.. passadas duas semanas recebo uma chamada as 10h da manha a dizer que queria falar comigo...
    - Pois é, tudo tinha acabado e ela estava com outro...
    - Nao senti o coração a partir, mas senti o mundo a desabar... (cair sem chegar ao funfo) pois tudo o que esta "coordenado" esta tudo no lixo.. o que eu sentia por ela, (continuava a sentir) mas nao fazia sentido nenhum..
    - Entretento acabei o meu curso e não foi de Eng Informática :).. e começou a busca do emprego... Nao concorri para a minha area, mas todos as entrevistas que fui, fui sempre chamado.. mas nao tinha nem o coração nem a cabeça no sitio certo.. o coração estava parado no tempo e a cabeça a procurar motivos pra descubrir o porquê.....
    - depois de 3meses e de 13kg perdidos, atravez de longas de penosas lutas de sono... (estas lutas sao formadas por longos periodos em que a mente nao consegue distinguir do que é sonho do que é realidade, a tua vontade maior é dormir durante 1ano e acordar quem sabe um dia....(PORTANTO A HiSTORIA DO HOLMES PLACE é TANGA)
    - Passado esse tempo, decidi que era tempo de mudar.. entao tornei durante alguns 5meses, no que vulgarmente as mulheres chamam de "Engatatão" basicamente quando saia, vinha do local acompanhado...
    - Hoje condeno, mas nao tou arrependido, foi que digamos uma "cura"... mostrei a mim mesmo que sou interessante e que o que tinha acontecido foi, como dizer, um teste.... pois ainda nao tinha tido nenhum desgosto.... Moldando o meu feito e alertando para que as coisas nao sao sempre como pensamos e queremos...
    - Bem o que dizer mais... O grande problema das relações é que (no meu caso) chego a um determinado momento que amo mais a pessoa com quem tou do que eu proprio... mas nao pode ser assim...
    - Acho que ja aprendi...

    - Mas tambem como sempre digo a vida nao é um mar de rosas... e nós nao somos nenhumas flores..

    - Um beijo aos corações partidos...

    - e pé ante pé a vida continua e nao tentem procurar o motivo do rumpimento... tentem a proveitar a vida e pensar que agora teem oportunidade de conhecer alguem MELHOR..
    SIM PORQUE PRA TROCAR É SEMPRE PRA MELHOR...

    Um beijo pra ti Cat e para a Vera que tudo mude e que encontrem um rapaz....

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  2. O mundo está cheio de rapazes, de homens, de meninos. Mas quando nos avariam o interruptor tudo se torna um bocado indiferente, náo achas? Quase como o parquimetro estragado, onde por mais moedas que metas não te emite nenhum talão

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  3. às vezes não é o parquimetro que esta estragado.. coloca-se é moedas erradas.. e as vezes nao é preciso meter moeda, basta conversar...
    Um beijo do rapaz... :)

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  4. Caro "rapaz"
    Nunca consegui estacionar gratuitamente, só à custa das conversas. Tens que me ensinar esse truque ;)
    Um abraço da menina

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