quinta-feira, 20 de agosto de 2009

COMEÇAR DE NOVO

Sou aquilo que se chama uma nómada. Já comecei de novo por diversas vezes e, como se constata pelo presente testemunho escrito, sobrevivi a todas.

Parto porque não consigo ficar. Parto porque não tenho motivos para ficar, nada nunca me prendeu a um sítio. Um dos meus handicaps pessoais – ou vantagem, depende da perspectiva - é a dificuldade em criar raízes. Essa vontade de ir, correr o mundo e partir (a vida é sempre a perder) já me fez deixar tudo e aterrar algures por aí… África, EUA.

Desta vez fiquei mais perto. Mas como a idade já é outra admito que a transição seja mais difícil também. A forma como fazemos amigos aos 20 anos não é todo igual à forma como os fazemos aos 30. Temos mais bagagem connosco, não apenas material (duvido que os senhores das mudanças tenham visto alguma vez uma babe com tantos sapatos), mas sobretudo emocional. E se há uns anos atrás o desafio de começar do zero me encantava, agora… só me semi-encanta. E provavelmente daqui a uns anos começará a desencantar-me. O que quero dizer com isto é que cada vez mais sentimos a necessidade de encontrar um sítio e ficar. Um poiso. Um lar, se quiser entrar na onda lamechas. Porque saltimbancos quarentões não são a coisa mais in do mundo. E, mesmo que sejam, quase desconfio que não serão os mais felizes.

Quando todas aquelas mãos que me vieram ajudar na mudança se foram embora e me deixaram sozinha entre estas quatro paredes senti aquela adrenalina de quem pode deitar tudo para trás das costas e inaugurar uma nova existência. Como se todos os erros do passado passassem subitamente a pertencer a outra pessoa. Na minha frente, uma tela branca, novinha em folha, pronta para ser pintada, riscada, borrada, estragada…rasgada?

Não sei se esta será a minha “vida definitiva”. Se bem me conheço o mais provável é que daqui a uma par de aninhos anuncie neste blog que comprei uma passagem de avião para Kuala Lumpur. Mas enquanto não começo a próxima vida, tenho que viver esta. Numa casa onde nem todas as janelas fecham e a campainha mal toca. Mas é a minha. E gosto dela assim. Porque destas águas furtadas avisto o mundo. E ele, o mundo, sabe que eu estou aqui à espera de o conquistar.

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