terça-feira, 11 de agosto de 2009

A VIRGINDADE RELATIVA

Tenho trabalhado muito em direito farmacêutico e durante as inumeráveis noites em que privei de perto com patentes and so on descobri que, para patentear uma invenção é requisito essencial que a coisa seja “nova”. Não vos querendo maçar com o fabuloso mundo da propriedade industrial, sempre posso avançar que será “absolutamente nova” a invenção não conhecida em nenhuma parte do mundo, e relativamente nova aquela desconhecida no país onde pretende ser registada, ainda que conhecida noutros quadrantes geográficos. Pois bem, assentemos ideias: se uma invenção pode ser nova em várias acepções, então, porque não pode uma mulher ser virgem em várias acepções? Por exemplo, a senhora Y é relativamente virgem em relação ao senhor X, mas não é absolutamente virgem já que em boa verdade varreu metade da cidade. Mas, ainda assim, é virgem. Digo eu… E assim resolvo o assunto a uma série de gente que adoptou os comportamentos que bem entendeu mas agora é incapaz de os assumir perante os outros.

Estas divagações mais ou menos estapafúrdias assaltaram-me a cabeça num domingo sonolento, estando eu semi-estendida no Micra (eu sei… carro de gaja…. ) de uma amiga, a caminho da Figeuira. Dia de praia, conversa de meninas, línguas soltas, saí-se a Leninha com o relato televisivo da temporada. E assim fiquei a saber que, algures pelo mundo, existe uma “associação recreativa” (espero que não para defesa de interesses profissionais) chamada de “Clube das Virgens”. Assim mesmo. Já não é só o Sporting (só eu sei, porque não fico em casa!!!!!!!! lalalalalalalal), o Porto, o Estrela da Amadora. Agora as virgens têm um clube. Não jogam futebol, mas de certeza que têm tantos adeptos quanto o Manchester United.

E pronto (“prontos” também é lindo!). Prometo que esta foi a minha última nota de sarcasmo. Porque o assunto é sério. A virgindade é uma coisa séria. E cabe a cada um e a cada uma abrir mão dela (é que não gosto de a ideia de “perder a virgindade”… parece-me sempre que a deixei esquecida num banco de autocarro) quando bem entender. Conheço quem o tenha feito aos 29 e quem o tenha feito aos 12. E certamente haverá quem tenha sido ainda mais lento e ainda mais apressado. É matéria do foro íntimo de cada um. O momento temporal releva menos do que a pessoa que está do outro lado. É por essa que temos que esperar, não por uma idade ou uma situação da vida. E bem pode acontecer que, mesmo não sendo absolutamente virgens, no sintamos relativamente virgens dado o grau de entrega com que nos assumimos perante alguém que encontramos em momentos mais tardios da vida. Como se fosse aquela a primeira vez e nunca antes tivesse existido outro qualquer someone. “Like a virgin, touched by the very first time…” (é sabido que o meu grau de desafinação é proporcional à minha vontade imensa de cantar).

O que me surpreende é que haja quem faça bandeira da sua virgindade e caminhe pelo mundo apregoando-a. Será que existe também por aí um “Clube das Promíscuas”? E o “Clube dos que Gostam do Sexo Assim e Assado”? E o “Clube dos que Preferem Papel Higiénico Macio”? Não me surpreenderia. . . o associativismos é realmente uma coisa fabulosa.

Este é o blog: http://clubedasvirgens.blogspot.com/ Vale a pena dar uma olhada. Sem preconceitos. Afinal, se nenhum de nós tem vergonha de entrar numa sexshop e não nos rimos ao ver o que por lá anda (ou não anda), parece-me congruente entrar no site com respeito, e até alguma admiração por quem consegue dominar os impulsos da natureza durante tanto tempo.

5 comentários:

  1. Apesar da seriedade com que acho que o tema deve ser encarado, ri-me à brava com este post! Excelente...Esta teoria da relatividade, está fantástica. Parabéns!

    Este post pode ser uma metadona, sem contra indicações, para o problema da tristodependência. Posso candidatar-me a pertencer ao grupo de teste e ler este post duas vezes ao dia? Sempre é melhor que pertencer a outro qqr club ;)

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  2. Se houver alguém que me leia uma vez durante a vida já fico razoavelmente feliz. Tio, you just made my day.

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  3. LOl, Essa teve graça!
    Então e o grupo de teste? Ah, pois é, agora com o estudo a decorrer é preciso postar, porque leitores não te faltam, de certeza!
    E por favor publica os resultados dos testes da tristodependencia, na medida do possível!

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  4. Por razões de privacidade dos envolvidos os resultados dos testes não são divulgados ao público em geral.
    Porém, penso que não estou em quebra do segredo profissional se revelar que ultimamente os resultados têm sido bastante satisfatórios, notando-se inclusive alguns picos de alegria, que permitem antever um surpreendente resvalo para a felicidade.

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  5. Compreendo. É bom sentir que ainda há ética e deontologia profissional :)

    E fico feliz com esses prognósticos!!! A alegria e a felicidade também são contagiosas, apesar de se falar pouco nelas...

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