Não tenho nada nem contra nem a favor dos gays. Enfim, corrijo, tenho algumas coisas contra. Irrita-me solenemente que os melhore jogadores do campeonato joguem na sua equipa, que sejam os mais bem-vestidos das festas e que tenham um impecável gosto pela decoração. Não poderiam ter isso tudo e ainda assim gostarem de mim também? Se assim fosse, seriam perfeitos. Como não o é, irritam-me solenemente.
Este meu sentimentozinho de vingançazinha está, de resto, bastante difundido na sociedade. Irrita-nos tudo o que não é como nós gostaríamos e todos os que não fazem aquilo que desejaríamos. Assim explico eu que as leis da maior parte dos países impeçam os homossexuais de adoptar e que pais que tenham assumido essa opção sexual nem tivessem sido ponderados para efeitos de poder paternal e, inclusive, judicialmente impedidos de visitar os filhos.
Agora, o refugo da silly season brindou-nos com outra notícia para nos fazer pensar nestas coisas: Sir Elton John e o seu companheiro pretendiam adoptar um rapaz de 14 anos, seropositivo, que vivia numa instituição ucraniana, e foi impedido pelo governo do país, que alegou que Elton John não só não tinha família constituída como, além disso, ultrapassava a idade fixada na lei nacional para adoptar.
O segundo argumento vale o que vale. A maior parte dos ordenamentos jurídicos determina uma idade máxima para os adoptantes, que podemos discutir, e que no caso é discutível, porque não me chegam aos ouvidos que pais de idade mais avançada sejam necessariamente inaptos, como aliás o demonstram as inúmeras histórias de crianças educadas por avós.
Já o primeiro argumento esconde na verdade um terceiro, que o governo não disse. Como poderia? Seria politicamente perigoso faze-lo, atendendo aos poderosos lobbies gays que se começam a formar. É que, como ninguém esconde, e muito menos ele, Sir Elton John é gay. Bicha. Laricas. Maricas. Paneleiro. Essas coisas todas simpáticas com que brindamos aquilo que não compreendemos.
Ora, todos sabemos que o melhor critério para aferir um bom pai é a sua orientação sexual. Nem poderia ser de outra forma. Até porque circulam por aí estudos científicos que demonstram comprovadamente que os gays são todos um bando de pedófilos depravados. O problema, meus caros, é que eu nunca tive acesso a nenhum desses estudos nem nunca ninguém me conseguiu demonstrar com argumentos racionais (racionais, note-se, não motivações fundadas em preconceitos religiosos ou de consciência pessoal) que (agora por pontos, à boa maneira jurídica):
i) Pais homossexuais tragam para o mundo filhos homossexuais;
ii) A homossexualidade seja uma doença perniciosa a infectar a sociedade;
iii) Os homossexuais sejam pedófilos.
No dia em que alguém me demonstrar isto eu assino por baixo da decisão do governo ucraniano. Sou uma pessoa razoável (razoavelmente teimosa, diriam alguns) e quando me demonstram que estou errada sou capaz de o reconhecer. Mas enquanto estivermos a falar de duendes, histórias de faz-de-conta e gente maléfica que gosta de pessoas do mesmo sexo, não contem comigo para assinar o que seja. Muitos menos para passar certificados de verdade cientifica e jurídica a convicções fundadas no temor daquilo que ultrapassa as nossas o nosso curto entendimento.
Este meu sentimentozinho de vingançazinha está, de resto, bastante difundido na sociedade. Irrita-nos tudo o que não é como nós gostaríamos e todos os que não fazem aquilo que desejaríamos. Assim explico eu que as leis da maior parte dos países impeçam os homossexuais de adoptar e que pais que tenham assumido essa opção sexual nem tivessem sido ponderados para efeitos de poder paternal e, inclusive, judicialmente impedidos de visitar os filhos.
Agora, o refugo da silly season brindou-nos com outra notícia para nos fazer pensar nestas coisas: Sir Elton John e o seu companheiro pretendiam adoptar um rapaz de 14 anos, seropositivo, que vivia numa instituição ucraniana, e foi impedido pelo governo do país, que alegou que Elton John não só não tinha família constituída como, além disso, ultrapassava a idade fixada na lei nacional para adoptar.
O segundo argumento vale o que vale. A maior parte dos ordenamentos jurídicos determina uma idade máxima para os adoptantes, que podemos discutir, e que no caso é discutível, porque não me chegam aos ouvidos que pais de idade mais avançada sejam necessariamente inaptos, como aliás o demonstram as inúmeras histórias de crianças educadas por avós.
Já o primeiro argumento esconde na verdade um terceiro, que o governo não disse. Como poderia? Seria politicamente perigoso faze-lo, atendendo aos poderosos lobbies gays que se começam a formar. É que, como ninguém esconde, e muito menos ele, Sir Elton John é gay. Bicha. Laricas. Maricas. Paneleiro. Essas coisas todas simpáticas com que brindamos aquilo que não compreendemos.
Ora, todos sabemos que o melhor critério para aferir um bom pai é a sua orientação sexual. Nem poderia ser de outra forma. Até porque circulam por aí estudos científicos que demonstram comprovadamente que os gays são todos um bando de pedófilos depravados. O problema, meus caros, é que eu nunca tive acesso a nenhum desses estudos nem nunca ninguém me conseguiu demonstrar com argumentos racionais (racionais, note-se, não motivações fundadas em preconceitos religiosos ou de consciência pessoal) que (agora por pontos, à boa maneira jurídica):
i) Pais homossexuais tragam para o mundo filhos homossexuais;
ii) A homossexualidade seja uma doença perniciosa a infectar a sociedade;
iii) Os homossexuais sejam pedófilos.
No dia em que alguém me demonstrar isto eu assino por baixo da decisão do governo ucraniano. Sou uma pessoa razoável (razoavelmente teimosa, diriam alguns) e quando me demonstram que estou errada sou capaz de o reconhecer. Mas enquanto estivermos a falar de duendes, histórias de faz-de-conta e gente maléfica que gosta de pessoas do mesmo sexo, não contem comigo para assinar o que seja. Muitos menos para passar certificados de verdade cientifica e jurídica a convicções fundadas no temor daquilo que ultrapassa as nossas o nosso curto entendimento.
Só para corrigir...O Elton John já não é dono de nenhuma equipa de futebol e alem disso quando era foi dono do Watford uma equipa modesta de Inglaterra...Logo sem grandes craques...
ResponderEliminarBeijos
Vera... se fosses homem (ou se eu fosse homem) ou se fosses lésbica (e eu fosse lésbica) casava contigo!!!
ResponderEliminarnunca ninguém conseguiu dizer as coisas de forma tão acertada.
acrescento só que vale mais uma família gay do que nenhuma família, desde que isso traga amor e carinho a uma criança. é que é delas que estamos a falar quando discutimos a adopção. ou será que não?!?!?
Bem, da forma como as coisas estão, já aceito pedidos de casamento de mesas e de cadeiras, de modo que... deixa-me ponderar no teu :)
ResponderEliminarAinda bem que gostaste. E assino por baixo de todos os teus aditamentos.