Há muitos dias atrás (não sei se meses se anos, é como se o relógio do tempo se tivesse derretido quanto a esse período da minha vida) alguém me avisou que eu deveria ter um plano B.
E eu, que era naif e estava apaixonada, olhei-o como se ele me falasse da descida da Virgem Maria à terra. Um plano B?
Sim, um plano para o caso das coisas correrem mal entre nós, respondeu ele.
Nesse momento fiquei renitente, quase magoada com tamanha falta de fé (isto vindo de mim, que sou agnóstica). Mas hoje tenho esse conselho como uma das minhas maiores lições de vida. De facto, há que ter sempre um plano B. Porque as pessoas falham. Os sentimentos falham. E nós temos que cair de pé. Como um gato. Não sobre as 4 patas, mas sobre os 2 pés e os 2 sapatos.
Não quer isto dizer que não se goste. Ou sequer se que goste menos. Mas não nos devemos dar por inteiro. Nem acreditar por inteiro. Nem confiar por inteiro.
Penso que é do conhecimento público que eu sou estupidamente fiel. Quase me torno aborrecida com tamanha monogamia. Por principio e por gosto. Acho sexy, e “prontos”. Mas hoje tento rodear-me de pessoas que me possam fazer feliz na súbita ausência do outro. Porque, acreditem, o outro vai-se ausentar. E não tem que ser sequer por motivo de força maior. Basta que invoque assuntos familiares ou reivindique a vida perdida de homem sem vínculos. E quando isso acontecer temos que permanecer firmes. Como a torre de Pisa, podemos inclinar-nos um pouco (o peso da tristeza não é de desprezar), mas há continuar a inspirar e a expirar.
O plano B é conhecer pessoas, estar aberto ao que têm para nos dizer, acreditar que podem ser igualmente interessantes. É poder ter opções. É alargar a vista para além da sombra dele ou dela.
Ele vai viajar com um amigo? Pois eu vou de fim-de-semana com uma amiga. Ele reserva o sábado para o “almoço/lanche/jantar” de família (e todos sabemos que os primos distantes e as namoradas dos irmãos são mais importantes do que as namoradas)? Pois eu aproveito para ir o ginásio pôr-me bonita para o que der e vier. Ele vai passar férias sem mim, quando sabe que eu só não deixo o cansaço vencer-me porque detesto que me levem a melhor? Pois eu decido aceitar o tal convite que se arrasta há séculos.
Sou menos fiel assim? Nunca. Sou menos romântica? Tento não o ser. Sou menos ingénua? Sem dúvida. Sou mais esperta? Só tento sobreviver.
terça-feira, 8 de setembro de 2009
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Antes de mais, sou fã fã dos teus textos! Venho quase diariamente ao blog ver se já cá anda mais qualquer coisa.
ResponderEliminarMas hoje, tendo gostado, não concordo. O teu plano B, para mim, é continuar a ter vida, identidade, amigos, o que fazer. Mas estar a pensar que TEMOS DE TER OUTRO PLANO PORQUE ELE SE VAI AUSENTAR, isso é antítese de estar com alguém!....
:)
ResponderEliminarSabes Mariana, se me tivesses dito isso no ano passado assinava por baixo. Mas este ano que passou aprendi alguma coisa. Ou (des)aprendi talvez.
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