sexta-feira, 22 de maio de 2009

O engate da mesa ao lado

Mais uma crónica da Vera, que já tem uma lista de seguidores fiéis dos seus escritos :)!


Adoro putos. Não obstante, poucas coisas me incomodam mais do que estar calmamente a jantar num sítio bonito, com gente bonita, e ter que levar com o choro da criança da mesa ao lado. Estou prestes a fazer um abaixo-assinado que imponha aos restaurantes a obrigação de, ao lado do aviso que proíbe a entrada de animais, proibir igualmente a entrada de crianças cujos gritos atinjam certo nível de decibéis (cumpre referir que eu fui uma dessas crianças-sirene).
Mas, meus caros, descobri recentemente que ainda há praga pior que nos pode atormentar durante a refeição. Refiro-me ao “risinho”. O “risinho” é uma particularidade exclusivamente feminina, do qual fazemos uso numa situação muito própria: durante o engate. Não me compreendam mal. A mulher é um bicho multifacetado capaz de vários tipos, sons e entoações de risos e gargalhadas. Mas o “risinho” é aquela gargalhadinha histérica que lançamos para o ar em plena dança de sedução com qualquer macho menos precavido que tenha tido a desgraça de nos cair no goto.
Há poucos dias passei pela experiência de ter ouvir o “risinho” na mesa ao lado da minha em pleno restaurante desta cidade.
Assim reza a historia: estava eu no Itália, com uma das melhores companhias que poderia deseja para um jantar (sim Cat…tu), falando de coisas de mulheres, e lambuzando-se com alguma pasta de teor CLARAMENTE light. Eis senão quando (sempre quis utilizar esta expressão) ouço “hihihihi”…. Sim, assim mesmo! ”Hhihih”! Aquele pequeno gritinho que fica preso no ar mesmo quando a boca já se fechou. Um som estridente. Quase como giz a arranhar no quadro. Um ouvinte mais incauto pensaria tratar-se de um animal selvagem em lento sofrimento e agonia. Mas não eu, que já ando nesta vida há mais de 30 anos. Qual caçador atento em busca da sua presa, olhei em volta… e lá estava ela, escondida atrás da sua vitima, com olhar ameaçador. Os sinais distintivos saltavam à vista (tanto saltavam que um me bateu na testa): o mexer no cabelo enquanto se vai encaracolando a ponta do caracol; o agitar da cabeça para trás, tentando assim imitar o momento capilar de qualquer bom anúncio de shampô; a boquinha à Soraia Chaves, a qualquer momento pronta a perguntar “quer alguma coisa senhor padre?”, fazendo o biquinho mais mimado possível com os lábios; os olhos semi-cerrados, como uma autêntica assassina profissional.
Sim. É verdade. Estava perante um engate. A senhora era nitidamente amadora. Mas anda assim, um engate. O “risinho” é como o algodão... não engana. O pobre desgraçado lá se ia enredando nos bracinhos do polvo (da polva), na falsa suposição de que o sedutor era ele. Perdoais-lhe senhor, pois eles não sabem o que fazem nem o que lhes fazem!
Admito que passei o resto do jantar a criticar os pobres dotes da menina, a falsidade que dela emanava, o tom irritante do “risinho”, que parece ser uma das poucas coisas que me tira apetite.
Incomodou-me? Sim.
Porque ela era incomodativa? Sim.
Por mais algum outro motivo? Bem… a verdade é que naquela noite ela teve quem lhe aquecesse os pés e eu não.
Dor de cotovelo dói mais do que ficar com o piercing preso no fecho das calças, I tell you.

3 comentários:

  1. Gostei particularmente do "Perdoais-lhe senhor, pois eles não sabem o que fazem nem o que lhes fazem!". Aliás, este é um dos momentos em que confirmamos que somos masi inteligentes do que os homens, ehehehhe! De longe!!!

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  2. A confirmação que a Cat refere remete para uma certa reciprocidade que partilho ao ler o essa frase. De facto, cada um é como cada qual.

    Enquanto a VL assinala a "falsa suposição de que o sedutor era ele", eu afirmo que para ele, muito provavelmente, pouco importaria. Só viu o "seu trabalho" minimizado. :)

    Já agora, VL, ele pagou o jantar dela?

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  3. Espero bem que sim. Não há mulher que se preze que desperdice "hihihhi" com quem não paga jantares.

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