sexta-feira, 31 de julho de 2009
Suddenly...
(In: http://img242.imageshack.us/i/455050gr.jpg/ )
QUANDO O AMOR SE MEDE AOS QUILÓMETROS
Convenhamos que a questão não é nova. Os nossos avós e os nossos pais já se depararam com estes dilemas, com a pequena agravante de existirem muitas vezes guerras pelo meio. Já nem falo dos nossos mais longínquos antepassados, que deixaram donzelas debruçadas de janelas de torres para ir por aí matar dragões (ou mouros, o que estivesse mais a jeito).
Claro que hoje em dia a questão está simplificada pela existência de comboios rápidos, viagens aéreas a preços low-cost, telefones, internet e Pc’s com webcam. Se assim é, porque é que eu não conheço nenhuma relação à distância que tenha desembocado num final feliz?
Comecemos pelas minhas, que já sou perita no assunto. O primeiro amor da minha vida era polaco, lindo e alto, espirituoso e… morador em Varsóvia. Durou 5 meses. E assim se inaugurou um longo rol de relações internacionais, desde brasileiros a angolanos, passando por um libanês. Todos os finais foram dramáticos e dolorosos. I should have known better…
Quando o amor se mede à distância, entre continentes ou entre países, ou mesmo entre cidades, temos que nos convencer, antes de mais nada, que estamos sozinhos. Tudo aquilo que os outros fazem a dois, nós teremos que fazer a um.
Nos jantares românticos somos nós e o sofá, eventualmente deixando que a televisão se junte quando estamos numa onda de ménage.
As noites frias, à falta de quem nos aqueça os pés na cama, são suportadas à custa de sacos de água quentes, soterradas em cobertores e lençóis térmicos.
Fins de semana na praia? Enfim, se formos sozinhas não corremos o risco de nos deitarem areia para cima, e lá se haverá de descobrir uma forma de espalhar bronzeador na parte traseira.
Saídas de sábado à noite? Temos a hipótese de saídas com as meninas, e lá vamos nós com a famosa seta luminosa a pairar sob as nossas cabeças, anunciando à rapaziada que o mulherio anda à solta, o que é particularmente embaraçoso quando as amiguinhas andam em busca de companhia masculina, porque então se torna difícil explicar aos candidatos a “companhia” que elas têm de facto luz verde na testa mas que a nossa está vermelha…como as casas de banho do comboio quando estão ocupadas. Saídas com casalinhos? Cortem-me já os pulsos. Resta aquele núcleo indefinido de meninos que oscilam entre os conhecidos e os quero-ser-mais-que amigo. O desejável é evitar os convites que daí venham. Mas a verdade é que passar as noites em casa à espera de um telefonema ou um beijinho na net pode arruinar a nossa sanidade mental. Por isso lá vem o dia em que cedemos, e aceitamos o tal simpático (e completamente inocente e despretensioso) convite para jantar, que na maior parte dos casos termina connosco a bater a porta do carro e uma voz masculina a gritar lá de dentro: “Mas ele nunca iria saber…”
Sim, é difícil manter um amor que se mede em quilómetros. Força de vontade, perseverança, firmeza, lealdade, honestidade, capacidade de aguentar infinitas horas de solidão, paciência, esperança em dias melhores, tudo isso se espera de nós. Falo, em suma, de super-mulheres. E de super-homens, porque acredito que tudo isto se aplica a eles também. Vale a pena? Não sei ao certo. Acredito que sim. Tenho fé que sim. Não sendo eu católica, e tendo que ter fé em alguma coisa, que seja na vitória do amor (já estão a vomitar? É que eu estou quase).
Até porque nada bate aquele momento em que entramos no comboio, a contar cada segundo que falta, com o coração a bater, tirando o espelhinho da mala de minuto a minuto para ver se estamos bem, na ânsia de transformar todos aqueles quilómetros em centímetros de distância.
quarta-feira, 29 de julho de 2009
terça-feira, 28 de julho de 2009
Cinco Segundos de Sinceridade
E aqui se coloca o problema acerca do qual escreve a Vera. O que esperam as pessoas? Que as outras não estejam a ouvir? Que não estejam a dar importância? Que se esqueçam? Que ajam sem processar a informação Eu até sou das pessoas que acredita mais na teoria de que o que é dito é-o com sinceridade profunda naqueles momentos do que na teoria da leviandade... Mas, mesmo assim... A minha Verinha tem razão, é preciso ter cuidado com as palavras. Muito cuidado.
A LEVIANDADE DE DIZER QUE TE AMO
É incrível como as pessoas que julgamos mais sensatas e responsáveis abrem a boca para dizer que nos amam com a maior leviandade. Como se nos tivessem dito “fecha a porta” ou “está frio hoje”. Como se nada. Não sei se esperam que no dia seguinte nos tenhamos esquecido disso. Ou no ano seguinte. Ou na década seguinte.
Ainda hoje fico perplexa com a leveza com que se usam certas palavras. Não me refiro à mentira propriamente dita. Quero acreditar que as coisas bonitas que me têm dito ao longo destes anos não eram mentira, pelo menos que não o eram naquele momento. Que quem as disse acreditava piamente estar a ser sincero. Mas duvido que fosse aquele realmente o sentimento que lhes ia na alma. Um pouco como quando eu prometi à minha mãe que não faria mais nenhuma tatuagem: não menti descaradamente, não a tencionava enganar, mas uma parte de mim não estava bem certa de conseguir cumprir. Resultado: mais um dragão na perna.
A afirmação - sempre forte e assertiva – de que se ama alguém é uma das que mais leviana se tornou e, por isso mesmo, mais vazia. É que amar não é o mesmo que gostar. Eu gosto de gelados e de bolas de Berlim. Não os amo porém. Não seria capaz de partilhar a minha vida com um corneto, muito menos de dar a vida por uma taça de creme de pasteleiro. Desconfio que a confusão entre gostar e amar se deva ao “I love you” que povoa a nossa linguagem desde que vimos na televisão o primeiro filme de Hollywood. A partir daí “lovamos” tudo, desde os nossos jeans preferidos até à Coca-Cola, passando por pais, amigos e namorados. Acontece que na língua portuguesa o amor é um sentimento que vai para além da preferência, do gosto ou mesmo da paixão.
Como trabalho com palavras tenho o maior dos cuidados no momento de as utilizar. São a minha arma, o modo como enfrento o mundo. Há quem cante (já aqui confessei ter sido eleita a pior cantora do planeta), quem desenhe (eu fico-me por uns rabiscos nas margens das folhas), quem corra (restrinjo essa hipótese à necessidade de chegar a tempo a uma loja prestes a fechar), quem dance (aqui faço o gosto ao pé… e ao rabo…. a bem dizer, a tudo), quem cozinhe (digamos que nunca conquistarei um homem pelo estômago). Pois bem, eu escrevo e falo. Estejam certos que quando utilizo uma palavra nunca o faço por acaso ou de forma irreflectida. Por isso me custa tanto compreender que se delas se faça um mau uso. Dizer que amamos alguém que conhecemos na semana passada é o mesmo que usar sapatilhas com o vestido preto cintado. Não conjuga. Posso até acreditar em amor à primeira vista, mas não é à segunda vista que se sabe que se ama. Apenas passadas muitas vistas nos apercebemos disso e eventualmente até concluímos que tudo sucedeu logo na primeira. Mas essa resposta chega bem mais tarde.
Tão-pouco funciona dizer em voz alta “amo-te” para nos persuadirmos disso. É que se pode querer com todos as células do corpo amar alguém, mas se o coração não bombeia para esse alto de pouco serve gritá-lo em voz bem alta. Só vamos conseguir fazer ruído. E, pior do que isso, não nos convenceremos a nós, mas convenceremos o outro de que assim é.
Por isso não digam nada. Remetam-se ao silêncio. Vão gostando. Vão estando. Vão curtindo a pessoa. Mas se um dia a amarem, aí, digam-no. Porque o pior que pode acontecer é ela nunca vir a saber disso.
segunda-feira, 27 de julho de 2009
Lista de Prendas Para Uma Menina Bem Comportada
Como estou quase a fazer aninhos (anões, aliás), deixo-vos umas ideias para as prendinhas que me vão comprar. Mas, como todas sabem, sou uma rapariga simples e que se contenta com pouco. Se se juntarem todas e me oferecerem apenas o primeiro item da lista, esquecendo a lingerie, os óculos, o perfume, os jimmy choo, fico feliz. Contento-me, vá!
domingo, 26 de julho de 2009
A BOY’S GIRL
Sempre fui a boy’s girl. Não Maria-rapaz, note-se. Enfim, admito que na minha infância e nos primórdios da adolescência cheguei a ser confundida com um rapazinho. O cabelo curtinho não ajudava (obrigada mãe!), mas a certa altura transformei-me numa Barbie. E digo isto sem vergonha. Vivo na futilidade dos trapos, dos batons e dessas coisas todas que fazem os homens vomitar. Ainda assim – e isto é que é verdadeiramente surpreendente – sempre fui uma menina de meninos. Mais amigos que amigas. E bem mais próximos. A minha melhor amiga foi, e é, um menino, e com isto penso que digo tudo. Não meninos que me acompanham na secreta esperança de tirar uma lasquinha, de algum hipotética romance ou, que mais não seja, umas voltinhas de quando em quando. Nada disso. Falo de meninos que me vêm algures entre “um gajo sem pilinha que vai connosco para todo o lado” e a “irmã mais nova que há que respeitar”.
Nestes termos tenho visto intermináveis jogos de futebol (estou um autêntico Rui Santos… até pelos caracóis…), feito de motorista com o carro cheio de marmanjos bêbados (sendo que todos sabem que no meu carro ninguém vomita), chorado baba e ranho nos seus ombros (e nunca esquecerei aquelas palavras de consolo, que oscilam entre o kitsch/lamechas e o absolutamente destrutivo).
Esta é, provavelmente, a primeira altura da minha vida em que começo a acompanhar mais com mulheres. Até à data a ideia em si mesma dava-me alergia. Não me que falte assunto. Desde logo, sempre posso falar de sapatos, e temos conversa para uma semana. Não que me sinta ameaçada, ou elas por mim. Aliás, se há coisa que aprendi nestes últimos meses é que a tão falada rivalidade feminina é um mito urbano. Não nego a sua existência (yo no creo en bruxas, pero…), mas até aqui só me deparei com mulheres fantásticas que serão sempre, nas suas particularidades, “role models” para mim.
Mas a verdade é que nada disto me faz esquecer os meninos. E por isso mantenho o hábito de passar tempo sozinha com eles. E cada vez que isso sucede fico destroçada pela angústia de nunca me ter apaixonada por nenhum… nem eles por mim. Porque os meus meninos são os melhores homens do planeta. Admito que alguns deles encaixam no protótipo do “filho da puta”, que nem todos foram sempre correctos e gentis para com as mulheres do mundo. Mas em todos eles descubro pedacinhos da minha meia laranja. Será que os posso cortar e cozer, construindo um home-made namorado? Se o Dr. Frankenstein o fez, porque não eu? Será que tenho procurado nos amigos aquilo que não encontro nos outros homens? Mas, nesse caso, porque motivo então nunca houve click com nenhum deles?
Já me chegaram a dizer que a minha excessiva proximidade masculina me prejudica mais do que me beneficia. Porque conheço demasiado os homens (o que nunca impediu que caísse como as outras). Porque coloco a fasquia ao elevadíssimo nível dos meus melhore amigos, que são uns fora de série, e como a maior parte dos homens fica muito aquém desse limiar acabo por ter expectativas demasiado altas que depois saem goradas. Porque estar sempre acompanhada com meninos funciona como repelente para o restante público masculino.
Provavelmente tudo isto é verdade. Pelo menos, dava-me jeito que fosse, e com isso encontrava já uma explicação para muita coisa. Ainda assim, e embora aprecie uma tarde de compras com as amigas, nada bate as noites no meio deles, muitas vezes com a minha integridade física em risco, nas mãos de alguma nina mais ciumenta.
sábado, 25 de julho de 2009
Há Dias Em Que Vale a Pena Sair da Cama
quinta-feira, 23 de julho de 2009
A EQUAÇÃO DO AMOR
Hoje conheci uma mulher. Simpática, creio eu. Não especialmente bonita. Até lhe encontrei alguns traços grosseiros e as pernas feias. No entanto, senti inveja dela. Não que lhe deseje algum mal ou que lhe queria roubar a sua boa-fortuna. Invejo-a porque admiro o que ela tem e queria tê-lo para mim também. Porque aquela mulher era muito amada. This much I know.
Vi-a com o marido. Ouvi a forma como ele falava dela e como a olhava. Vi como lhe dava a mão debaixo da mesa, como o olhar dele procurava sempre o dela. Não viajava sem ela, contou-nos. Foi amor à primeira vista, contou-nos. Soube imediatamente que ela era Ela.
Apesar de ter seguido ciências sociais sempre tive alguma apetência pela matemática. E não querendo tomar o lugar de algum neo-Einstein devo dizer que reduzi o amor a uma equação matemática que penso traduzir com exactidão aquilo que deve suceder:
Dedicação X Paixão X Dedicação Y Compromisso Y
________ + _____ = ___________ ________
Compromisso X Respeito X Respeito Y Paixão Y
Se o X for o Eu e o Y for o Ele, então, aquilo que eu lhe dou terá que corresponder àquilo que ele me dá em troca. Já fiz parte de uma equação desacertada. Se há coisa que aprendi é que não funciona. Quando assim sucede - quando de um lado sobrarem milésimas, centésimas, décimas, unidades mesmo, - é porque a equação está incorrecta e aquele suposta meia laranja é apenas uma laranja podre que nos vai acabar por amargar a boca. Solução: substituir aquele Y por outro que permita um resultado perfeito.
Podem filosofar à vontade sobre o amor, mas uma coisa é certa, no finalzinho aquilo que eu dou não pode ser mais (nem menos) do que aquilo que recebo. Matemática pura.
Ou talvez não… afinal, se 2 mais 2 nem sempre são 4, provavelmente no amor nunca são 4… Confesso que já tive dias mais felizes, de modo que hoje não estou na plena posse das minhas faculdades intelectuais. Será que no amor nada é mensurável? Será que se pode viver numa relação em que o meu 100 tem como equivalência um 0 da parte contrária? Será que a lógica matemática deixa escapar as pequenas nuances humanas? Se calhar nada disto é explicável. Não sei. Mas pelo menos uma coisa eu sei: Hoje conheci uma mulher. Era muito amada. E eu senti inveje dela.
quarta-feira, 22 de julho de 2009
F****
Turn-Off Total
Porque é que me lembrei agora disto? Porque hoje já vi três homens a cuspir para o chão. E ainda agora estamos na hora de almoço. Se todas as mulheres forem como eu e a Vera, é óbvio que estes três homens terão uma vida muuuuuito triste pela frente. Muito, muito, muito triste. E seria bem feito!
terça-feira, 21 de julho de 2009
Um Blog de Homens...
http://cuidadoaoabrir.blogspot.com/
“Por que hei de sentir-me sozinho? Por acaso, não está o nosso planeta na Via-láctea?" – H. Thoreau
Nesta nossa luta da vida diária muitas esquecemo-nos de nos encontramos a nós mesmos. Andamos tão preocupados em encontrar a nossa "Alma Gémea", os amigos, as coisas sem as quais não somos felizes, o carro ultimo modelo, a casa na zona nobre da cidade, etc, etc, etc.... E quando conseguimos obter tudo isto parece que nada faz sentido, existem já novos anseios e necessidades. E lá continuamos a nossa luta desenfreada...Decidi escrever sobre a minha experiência pessoal talvez para me libertar a mim própria ou ajudar pessoas que estejam na mesma situação. Desde há seis anos a esta parte a minha vida mudou radicalmente, perdi pessoas muito importantes na minha vida e que não posso recuperar, já se encontram noutro plano, faleceram. Outras passaram pela minha vida com o propósito de alterar completamente o meu comportamento. Eu vivia em função dos outros, em função das minhas amizades e para elas, em relação ao amor eu anulava-me a mim mesma em função do outro, e nada disto resultava. Porque as pessoas entravam na minha vida e seguiam e eu sentia que significava pouco para essas pessoas e isso fazia sentir-me cada vez pior. Mas quem me dava pouco valor era eu mesma.Hoje através de um processo de conhecimento pessoal, cada vez gosto mais de passar um tempo comigo mesma e faço-o com prazer. Os amigos aparecem na mesma sem que eu tenha a mesma sofreguidão em agradar, quando precisam contactam mas também não me magoa o facto de não ter notícias à partida é porque tudo vai bem....Às vezes penso que se deve ao facto de estar a entrar nos quarenta anos de idade.... será que estou a ficar velha??? Encontrei uma serenidade que há muito procurava.... Nunca estamos sozinhos!!
Diálogo MSNzeiro Matutino (Tooooodos os Dias)
Catarina - Bom-dia :)! Dormiste???
Mónica - Opção a) Sim!!!! Opção b) Não, tive uma insónia...; E tu?
Catarina - Opção a) Sim!!!! Opção b) Não, tive uma insónia.
Infelizmente, eu e a Mónica somos umas cromas porque escolhemos a opção b) com demasiada frequência! Gente esquisita, esta...
De Repente...
TROCO CELULITE POR ATAQUE CARDIACO
“Eu gosto é do Verão, de passear de prancha na mão…lalalalalal” (desculpem se desafino, mas fui oficialmente eleita a pior cantora do mundo). E agora acrescento eu a segunda rima da letra: “Olhos fechados na água não vá apanhar uma conjuntivite, e que todos fossem cegos para não ver a minha celulite, lalalalalalalalala”
No meio das muitas coisas boas do Verão e da praia aparecem umas menos boas. Senhoras e senhores, eis a celulite!
A celulite é, digamos assim, o equivalente feminino da barriga masculina. Enquanto os homens estão fadados a andar pelo mundo sem conseguir ver os pés devido à proeminência abdominal ,alimentada pela idade e pelas muitas cervejolas, já as mulheres defrontam-se com ela. Ela. A celulite. Antevejo aqui certa justiça divina entre a guerra dos sexos…
A barriguinha deles é mais difícil de esconder do que o nosso little secret. Calças descaídas e t-shirts à jogador de basket são bons truques de camuflagem, mas o perfil em curva é difícil de resguardar. Já no nosso caso, só temos que esquecer roupa de praia, mini-saias e calções. Ah… e calças de tecido fino (algumas deixam descobrir aqueles malditos buraquinhos que tremem a cada passo). E, claro está, qualquer momento íntimo que implique alguma nudez.
Porque é que não fazemos todas greves e manifestações enquanto o Governo não erradica a celulite? Porque na verdade ela nos salva a vida. É que a gordura que convertemos em celulite é transformada pelos homens em ataques cardíacos. Ah pois é bebé. De novo a tal justiça divina: nós vivemos cobertas por cascas de laranja mas eles morrem mais cedo.
O que me leva à seguinte questão: se a ideia é todos termos um castigo na vida, posso trocar o meu pelo deles? Qual o grau de futilidade que me atribuem se eu quiser trocar a minha celulite por um ataque cardíaco? Note-se que a ideia não é nova. Já o James (o Dean) dizia que queria morrer cedo e deixar um cadáver bonito. Só que nele era cool. Parece que há uma regra não escrita que diz que se formos alcoólicos com almas atormentadas tudo o que se diz é profundo e rebelde, ao passo que se formos miúdas giras e felizes, vestidas de cor de rosa, somos apenas superficiais e vaidosas.
Agora a sério, de que vale viver muitos anos se os temos que passar vestidas? Não valeria mais a pena viver menos 10 mas poder andar por aí a mostrar pernas e rabo? Pois… não sei… ainda tenho que pensar no assunto. E espero ter muitos anos para o fazer. Espero amanhã não sentir o braço dormente. Espero continuar a transformar as minhas calorias em bolinhas de celulite. Enquanto a tiver sei que o mecanismo salva-vidas continua operacional.
Querem outra perspectiva do problema? A celulite é feminina. É uma marca de ser mulher. É o sinal de que o corpo está pronto para ter bebés. E, segundo consta, eles não se apavoram tanto como nós ao vê-la. Recordo o comentário de uma amiga minha quando lhe confidenciava o meu ódiozinho de estimação para com a dita. “Olha – responde ela – o X não se incomoda nada com isso (este X é o marido, cuja identidade manterei secreta para vos impedir a vocês, suas invejosas, atacar homem tão prendado). Aliás, ele até gosta de ver. Acha sexy.”
Não sei se o X gosta efectivamente de celulite ou se gosta é da mulher dele. Pelo sim, pelo não, vou continuar a comer doces, fritos e cafés para não perder a minha sexy camadinha adiposa.
sexta-feira, 17 de julho de 2009
A PERFEITA OBRA DE ARTE
Reconheço que a arte moderna em muito da distingue dos pintores holandeses e flamengos do século XVI ou do impressionismo de Van Gogh. Quem vê a “Fountain” de Marcel Duchamp pode ser levado a pensar que um urinol de porcelana pouco tem de artístico. E não discordo de todo, embora confesse que encare as suas criações com certa curiosidade infantil, que no final acaba por me transmitir uma sensação próxima à do “O Beijo”, de Klimt. Próxima… não exactamente igual. Convenhamos que empinar uma roda de bicicleta em cima de um bando não é o mesmo que cantar uma ária de ópera a ponto de nos fazer chorar.
Mas matar não é arte. Nem que seja um cão (diria mesmo - atendendo às enormes alegrias que os animais já me deram e que muitos humanos nem se aproximaram - especialmente não se for um cão). Nem que o cão seja vadio e não tenha ninguém que chore a sua perda. Porque eu choro. Eu choro a perda daquele cão, o modo como morreu, o sofrimento porque passou. E não me venham dizer que os bichos não sofrem. Sofrem, sentem, choram até.
Sinto-me ofendida porque um monstro matou um cão. Acho a suposta “obra de arte” repugnante. E pouco me importa que o seu autor tenha ganho o 1.º lugar da Bienal de S. José de Costa Rica durante dois anos. Ou melhor, importa-me muito. Incomoda-me muito. Enoja-me muito que haja quem lhe aplauda as taras de doente mental.
Chegou-me às mãos uma petição para o impedir de participar na Bienal Centroamericana de Arte em 2009. Eu assinei. Mas depois percebi que afinal teria imenso gosto em ver o lá. Simplesmente, desta feita, sendo ele a obra de arte. Não seria lindo ver o tal Guillermo Vargas Habacuc amarrado a um poste a definhar de fome? Eu choraria de emoção perante a beleza de tal obra de arte. A obra perfeita, atrevo-me a dizer.
A arte é bela, estimulante, desafiadora, cativante. Pode despertar alegria ou tristeza, mas sempre há-de trazer excelência às nossas vidas. Matar um ser indefeso - humano ou não humano - de forma a causar-lhe sofrimento atroz é a negação de tudo isto. Este tal suposto artista deitou estes valores por terra. Só antevejo a possibilidade de lhe reconhecer algum mérito artístico no dia em que se amarrar a ele próprio até ao momento em que a fome lhe leve a melhor.
Nota da autora:
para quem estiver interessado, http://www.petitiononline.com/13031953/petition.html.
Assinem por favor.
Obrigado.Vera
terça-feira, 14 de julho de 2009
Pérola de Elogio
MANIFESTAÇÕES PÚBLICAS DE CARINHO
Não tenho a mínima intenção de limpar as vísceras do meu “significant other” com a língua em locais públicos.
Assim como não baixo as calcinhas para fazer xixi no meio do bar nem aproveito o momento em que estou estendida na toalha, em plena praia, para palitar as fissuras dentárias, não faço questão que me lambuzem ou me toquem mais intimamente quando exista assistência por perto. Mais. Confesso até que fico incomodada quando sou forçada a presenciar esses episódios XXX ao mesmo tempo que bebo o meu Delta ou danço no meio da pista. Mas já confirmei que sou antiquada, logo… gimmy a break.
Isto que ficou dito acima é uma coisa.
Coisa diferente é a total proibição de manifestações de carinho em público.
Aquele beijinho tão rápido como um choque eléctrico, as mãos dadas ao andar (convenhamos…. nem sempre, mas por vezes), um abraço quando faz falta….? Porque não?
É ofensivo? É-o tanto quanto passar a mão pelo cabelo, porque em boa verdade é do mais natural que há. O ser humano foi feito para viver em comunidade, seja na sociedade de milhares seja no “couple” da cumplicidade a dois. Se não me coíbo de coçar aquela comichãozinha na ponta do nariz, porque me hei-de inibir de passar a mão pelo cabelo dele?
É embaraçoso? Apenas para quem é inseguro, em si mesmo ou no que toca à vida em conjunto. Se é verdade que não faz sentido publicitar por megafone que se está com alguém (e não temos todas amigas que gostam de nos gritar ao ouvido cada nova conquista???), também é certo que quando ele procura esconder o acontecimento do mundo lá fora é porque na verdade nada aconteceu senão no país da fantasia que reina nas nossas cabecinhas românticas.
Vai tornar-se alvo das piadas dos amigos? Nesse caso aconselho a procurar novos amigos, que preferencialmente já tenham saído da adolescência e das infindáveis horas sozinhos na casa de banho com a mão amiga que nunca os deixa mal.
Pela minha vida já passou de tudo, desde o namorado meloso que não me larga o pescoço (xooooo, chega para lá miúdo!) até ao namorado com problemas afectivos, não sei se por falta de carinho em terna idade (e sabe tão bem culpar os pais de tudo, não é?) ou porque é, simplesmente, néscio. Mas o que eu gosto é do in between, que me deixa respirar sem sufoco mas que está pronto para me sufocar ao mais leve olhar meu.
Quem se vira para mim no meio de rua e me diz, com a maior cara de pau (como sou uma senhora, não lhe posso chamar outra coisa), que se sente desconfortável com manifestações de carinho em público, e retira abruptamente a sua grande mão (sempre… gosto de homens grandes) da minha mão pequenina, merece só uma coisa. Só uma. Uma boneca insuflável. Que não lhe dê a mão, nem lhe pergunte se está triste, nem o arraste para compras, nem lhe apresente amigas chatas, em suma… que não o incomode. Na falta de boneca, ou caso se sintam desmotivadas pelo preço das ditas, aconselho uma alga. As algas fazem o mesmo efeito. E ocupam menos espaço. Em qualquer das hipóteses, será certamente menos embaraçoso e incomodativo para eles passar na rua com a boneca ou a alga. Asseguro que nenhum delas lhe agarrará na mão.
sexta-feira, 10 de julho de 2009
When My Dog Met Yours
É que o João Vasco conheceu alguém e está feliz. E quando converso com ele essa felicidade nota-se a léguas! E faz-nos sentir bem! E ele hoje disse-me: "Agora andamos na fase de apresentar os nossos cães". A fase de apresentar os cães!!!! Porque se está feliz com a pessoa que tem aquele cão e se tem esperança de se continuar feliz ao lado da pessoa que tem aquele cão, vale a pena a tentativa de socializar o dito com o nosso próprio cão, com todos os latidos, rosnadelas, babadelas e mordidelas que isso possa implicar :)!
quinta-feira, 9 de julho de 2009
Tal como o whisky, some things should never change
Sou antiquada, admito. Gosto que um homem me ofereça flores e me abra a porta do carro. Isto é tão mais chocante quando se sabe (conto-vos agora) que sou conhecida em certos quadrantes como uma feminista ferrenha (seja lá o que isso signifique). Afinal , escrevi uma tese de algumas centenas de páginas sobre o assunto e ainda perdi um par de noites de sono a pensar na igualdade, ou na falta dela. De modo que do epíteto de feminista já não me livro.
Mas o facto de não aceitar que homem algum seja tratado com mais respeito e lhe seja reconhecido mais mérito do que a mim, pela simples diferença genética que separa o seu gene Y do meu par de X, não impede que continue a esperar o tratamento que me corresponde por ser menina.
Mais uma vez, repito, não quero regime de favor. Não pretendo ser dispensada de cumprir serviço militar, nem anseio por promoções profissionais baseadas na profundidade do meu decote. Mas quero, isso sim, que no trato social e, mais propriamente, no trato intimo, me tratem com a gentileza que desde sempre marcou o comportamento dos cavalheiros para com as senhoras.
Ambígua? Talvez. Admito que não aceito com igual júbilo todas as inúmeras maravilhas que a igualdade nos aportou. Admito umas, outras nem tanto. Mas, desculpem-me meus senhores, convidar uma menina para jantar e no final esperar que ela pague a conta? (silêncio destinado à reflexão)…………………………………….
Um homem – que tanto pode ser aquele que nos rodeia à espera de dar uma trincada, como o amigo fiel de há anos, para o caso é indiferente, embora, claro está, as represálias sejam substancialmente mais gravosas no primeiro exemplo – mas um homem, escrevia eu, deve levantar-se para ceder o lugar a uma senhora (tal como eu me levanto perante a grávida ou o senhor de bengala), deve ir buscar bebidas e cafés, deve deixar a propina no restaurante, deve carregar com as malas, deve discutir com o arrumador de carros, deve apanhar-me o casaco do chão, deve levantar o braço para chamar o empregado e pedir a conta, e milhares de outras pequenas coisas que seria impossível relatar aqui, mas que qualquer um com dois dedos de testa (preferencialmente, com conhecimentos sobre a alegoria da caverna) saberá reconhecer no momento. Muitos deveres? Não nego. Mas não acho que seja impor demais a quem já escapou ao fardo da menstruação e da depilação das virilhas.
Ou seja, eu quero um cavalheiro. Não garanto que seja senhora à medida para o merecer. Tento sê-lo todos os minutos da minha vida. Confesso que há momentos em que perco a graciosidade e a gentileza e me porto como um camionista (aqueles que já me viram comer depois de algumas horas esfomeada sabem bem do que falo). Mas quero ser uma senhora. Quero ser uma Scarlett. Tinha mau feitio (talvez por isso me reveja tanto nela), é certo, mas também não está escrito que as ladies tenham que ser um pãozinho sem sal. Era, indubitavelmente, uma senhora. E Red Butler, no alto do céu cigarro e do seu sorriso trocista, um cavalheiro. Não obstante já não estarmos no tempo das saias de balão e dos espartilhos, continuo a achar que há coisas que não devem mudar nunca. Como o whisky (que não bebo) e os cavaleiro andante (por quem espero).
sexta-feira, 3 de julho de 2009
Help!!!!!!!!!!!!!!!!
http://www.elmundo.es/elmundosalud/2009/07/02/neurociencia/1246557160.html
quinta-feira, 2 de julho de 2009
The Sweethest Thing
A minha melhor amiga é um menino. Sempre disse que ele daria o melhor namorado do mundo. Não estava enganada. Tive a confirmação disso quando há dias lhe liguei, morta de saudades, e lhe perguntei pelo programa de fim-de-semana. Ele respondeu-me que ia passar o sábado a casa dos avós da respectiva cara-metade. Em casa de outros avós que não os nossos… sendo que já tratando-se dos nossos o encargo pode ser doloroso…Pronto, o miúdo ensandeceu! “Sabes – murmurou ele, confidenciando o que eu afinal já sabia – não é que me agrade muito, até já tinha outros planos, mas é importante para ela”. Era importante para ela. E ele ia. Assim. Mais nada. Porque era importante para ela.
Naquele momento fui atacada por uma imediata vontade de comer arroz de marisco. E eu nem gosto particularmente de marisco. Ainda assim, durante um ano e nove meses engoli camarões semanalmente, por vezes, diariamente. Masoquismo? Talvez. O facto é que os restaurantes só cozinham este prato para duas pessoas. De modo que quem tiver um fraco pelo dito depara-se com poucas hipóteses: ou bem que desiste de vez do arroz, ou desenha duas bocas na sua cara e mais tarde se preocupará com os recém-adquiridos pneus, ou então angaria companhia para o ajudar na tarefa de esvaziar o tacho. Eu fui essa companhia. De pouco me servia percorrer a ementa em busca do manjar prefeito. Por ele ia olhar para mim com aqueles olhos de cachorro abandonado e eu, coração mole, lá perguntava, baixinho: “É o arroz, não é?”. “Se preferires outra coisa….”, respondia ele, invariavelmente. Eu até preferia. Mas preferia ainda mais vê-lo a ele feliz. E toda a gente sabe que a felicidade vem no fundo de um tacho de arroz, entre o mexilhão e o berbigão.
E esta é a coisa mais doce que se pode fazer por alguém. Cedências. Estar aberto a abrir portas que de outro modo fecharíamos. Fazer aquilo que não queremos só porque o outro gosta. Seremos todos nós masoquistas em auto-flagelação? Será que as relações se fundam no sacrifício? Não, de todo não. Mas é preciso ir para além do nosso próprio umbigo, tenha ele piercing ou não.
Gostar de alguém – um amigo, um irmão, um namorado – é querer fazê-lo feliz. Sem sacrifício. Sem cobrança. Dar passeios de mão dada mesmo que se tenha planeado um domingo esborrachado no sofá e que se considere o mão-na-mão tão foleiro quanto fios de ouro pendurados em peitos peludos. Jantar em casa de avós que nem chocolates nos dão. Saltar da cama mais cedo para deixar o pequeno-almoço preparado. Assistir a infindáveis casamentos de pessoas que nem conhecemos. Engolir arroz de marisco quando até já se tem um fóssil de camarão na língua.
A melhor coisa do mundo não é só fazer alguém feliz. É ficar feliz com isso também.
quarta-feira, 1 de julho de 2009
Balança Maldita
Há já um ano que ando a dizer, massacrando as pessoas à minha volta, que quero perder um quilo ou dois (depende dos dias)! Vou ao ginásio ou faço caminhadas com alguma frequência, segundo a Rocío vivo de ervas, a Rita acha o meu rigorífico deprimente e as pessoas em geral acham-me esquisita porque não compro chocolates nem bolachas para ter em casa. Claro que não sou nenhuma santa, também cometo os meus pecados. Há sempre um jantar de peixinho e legumes cozidos em que, no final, o meu vizinho Filipe oferece, a mim e à Cristina, um crepe de chocolate... só para equilibrar! Mas enfim, tento portar-me bem :)!
Mas, apesar de o tentar, a minha #*%*# balança gosta de me torturar, indicando sempre números que eu não quero ver!!! Claro que entretanto me fui habituando à coisa e comecei a ganhar imunidade a este humor negro da dita cuja. Peso-me e, desde que esteja tudo mais ou menos na mesma, já nem lhe ligo! Eis senão quando a maldita decide retaliar!!! Encravou!!! A minha balança encravou no peso de que me ando a queixar há um ano! E agora, mesmo que não suba para cima dela, está lá sempre aquele número que me irrita a olhar para mim! Sempre! Hoje ía até jurar que ouvi um riso arrepiante a vir da casa-de-banho quando saí de minha casa...