quinta-feira, 9 de julho de 2009

Tal como o whisky, some things should never change

A Vera, nossa correspondente (agora) no estrangeiro :)!

Sou antiquada, admito. Gosto que um homem me ofereça flores e me abra a porta do carro. Isto é tão mais chocante quando se sabe (conto-vos agora) que sou conhecida em certos quadrantes como uma feminista ferrenha (seja lá o que isso signifique). Afinal , escrevi uma tese de algumas centenas de páginas sobre o assunto e ainda perdi um par de noites de sono a pensar na igualdade, ou na falta dela. De modo que do epíteto de feminista já não me livro.
Mas o facto de não aceitar que homem algum seja tratado com mais respeito e lhe seja reconhecido mais mérito do que a mim, pela simples diferença genética que separa o seu gene Y do meu par de X, não impede que continue a esperar o tratamento que me corresponde por ser menina.
Mais uma vez, repito, não quero regime de favor. Não pretendo ser dispensada de cumprir serviço militar, nem anseio por promoções profissionais baseadas na profundidade do meu decote. Mas quero, isso sim, que no trato social e, mais propriamente, no trato intimo, me tratem com a gentileza que desde sempre marcou o comportamento dos cavalheiros para com as senhoras.
Ambígua? Talvez. Admito que não aceito com igual júbilo todas as inúmeras maravilhas que a igualdade nos aportou. Admito umas, outras nem tanto. Mas, desculpem-me meus senhores, convidar uma menina para jantar e no final esperar que ela pague a conta? (silêncio destinado à reflexão)…………………………………….
Um homem – que tanto pode ser aquele que nos rodeia à espera de dar uma trincada, como o amigo fiel de há anos, para o caso é indiferente, embora, claro está, as represálias sejam substancialmente mais gravosas no primeiro exemplo – mas um homem, escrevia eu, deve levantar-se para ceder o lugar a uma senhora (tal como eu me levanto perante a grávida ou o senhor de bengala), deve ir buscar bebidas e cafés, deve deixar a propina no restaurante, deve carregar com as malas, deve discutir com o arrumador de carros, deve apanhar-me o casaco do chão, deve levantar o braço para chamar o empregado e pedir a conta, e milhares de outras pequenas coisas que seria impossível relatar aqui, mas que qualquer um com dois dedos de testa (preferencialmente, com conhecimentos sobre a alegoria da caverna) saberá reconhecer no momento. Muitos deveres? Não nego. Mas não acho que seja impor demais a quem já escapou ao fardo da menstruação e da depilação das virilhas.
Ou seja, eu quero um cavalheiro. Não garanto que seja senhora à medida para o merecer. Tento sê-lo todos os minutos da minha vida. Confesso que há momentos em que perco a graciosidade e a gentileza e me porto como um camionista (aqueles que já me viram comer depois de algumas horas esfomeada sabem bem do que falo). Mas quero ser uma senhora. Quero ser uma Scarlett. Tinha mau feitio (talvez por isso me reveja tanto nela), é certo, mas também não está escrito que as ladies tenham que ser um pãozinho sem sal. Era, indubitavelmente, uma senhora. E Red Butler, no alto do céu cigarro e do seu sorriso trocista, um cavalheiro. Não obstante já não estarmos no tempo das saias de balão e dos espartilhos, continuo a achar que há coisas que não devem mudar nunca. Como o whisky (que não bebo) e os cavaleiro andante (por quem espero).

4 comentários:

  1. como te entendo Vera,como te entendo.
    igualdade sim,mas abram-me a porta por favor.
    um cavalheiro é sempre um cavalheiro. é pena estarem em vias de extinção.

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  2. e os que não estão extintos, voces fazem para que estejam;)

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  3. ahhhhhhhhhh! a culpa é nossa???

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  4. Ainda não matei nenhum, se é isso a que te referes

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