terça-feira, 24 de março de 2009

A infelicidade das mulheres pensantes

Hello! Aqui vai mais um contributo da nossa repórter Vera Lúcia

"Há uns anos atrás, quando eu vivia outra vida e era quase uma pessoa diferente, um amigo meu libanês (e sabe-se como os árabes gostam das mulheres de cabelo claro) dizia-me, com grande mágoa, que eu poderia ser a mulher da vida dele, se não fosse um grande defeito que me maculava. Engane-se quem pensa que se referia a qualquer aptidão especial pelo dinheiro (I’m not a gold-digger!), a hábitos cleptomaníacos, à carência de cuidados de higiene ou a bizarras práticas sexuais. Esse tremendo defeito, que manchava a minha versão de “mulher ideal” era, afinal, a existência do Tico e do Teco.
“Caríssima (dizia-me ele, de olhar lânguido e triste) tu és a paixão da vida minha, mas tens um defeito que não posso aceitar numa mulher: tu pensas”.
Curiosamente, tive um déjà vu desta cena melodramática no meu último date (e não me refiro apenas ao último que tive, mas também ao último que muito provavelmente terei na minha vida), quando o cavalheiro me informou, no final da noite, que não estava habituado a ter junto a si mulheres como eu. Notem bem: não obstante estar fascinado pela minha pessoa, incomodava-o o facto de eu ser tão… eu (estou a citar a criatura). Pensava demais, era segura demais, havia olhares a mais poisados em mim! Tudo demais, tudo em excesso, como se eu própria transbordasse da sua mísera e insignificante figura.
Relato estas duas histórias para demonstrar o quê? Que a maior infelicidade que pode calhar a uma mulher não é ser gorda, careca ou zarolha, porque as feias eles suportam. É ser pensante. Isto é um pecado que não tem perdão. Aquilo que faria de nós o melhor e mais interessante dos homens torna-nos, na versão “fêmea”, seres pouco cotados na bolsa de valores amorosa.
Nunca vamos poder ser mulheres troféu, porque o mais certo era começarmos a opinar e a ter ideias. E mulher que opina… deve deixar crescer o buço e conformar-se com a sua posição de criatura assexuada. E como eu queria ser mulher troféu. Muitas vezes me arrependo de ter investido tanto em livros, cursos e museus, de ter perdido tanto tempo na universidade e de, ainda agora, me esgotar com teses infindáveis. Mais valia ter aproveitado esse tempo para aprender a dançar no varão, e investido o dinheiro numa operação de aumento mamário, que sempre me daria mais felicidade e reconhecimento entre as hostes masculinas.
A infelicidade das mulheres pensantes é nunca poderem ser mulheres troféu!"

1 comentário:

  1. Já tive um espécime desses, preparei-lhe uma e ele caiu... E foi há vida. Os homens são como os imóveis ou compra de apartamento se não valem o investimento mais vale passa-los a outra ... no caso do apartamento ou imóvel é mais dificil vender :)))

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